Prevenção da DMRI: Perguntas e Respostas com a Dra. Emily Y. Chew

Dra. Emily Chew, diretora da Divisão de Epidemiologia e Aplicações Clínicas do National Eye Institute, dos EUA

A Dra. Emily Chew é diretora da Divisão de Epidemiologia e Aplicações Clínicas do National Eye Institute (NEI), no National Institutes of Health (NIH) em Bethesda, Maryland, Estados Unidos. O foco do trabalho da Dra. Chew e de sua equipe é a prevenção da DMRI.
Adicionalmente, a Dra. Chew é uma das principais pesquisadoras do AREDS, um teste clínico de âmbito nacional que começou em 1992 para estudar o impacto dos antioxidantes das vitaminas C, E, do beta-caroteno e zinco na progressão da DMRI. Os resultados publicados em 2001 mostraram que a combinação de vitaminas e minerais (AREDS) em pacientes com a DMRI no estágio intermediário ou avançado em um olho reduziu 25% o risco da progressão para o estágio avançado da DMRI e diminuiu aproximadamente 19% o risco de perda de visão causada pelo estágio avançado da DMRI.
Quatro mil pacientes estão inscritos para uma pesquisa onde vamos determinar se a adição de altas doses de nutrientes luteína/zeaxantina e/ou suplementos com óleo de peixe impedirá o avanço da DMRI.
Por que esses suplementos em particular?
Os pesquisadores da NEI verificaram em suas primeiras investigações que as pessoas que tem uma alimentação rica em luteína e zeaxantina, dois antioxidantes da família beta caroteno, expõem os indivíduos a menores riscos de desenvolvimento da DMRI. Esses alimentos são: couve, folhas verdes, mostarda verde e espinafre cru ou cozido. Em relação aos peixes, eles perceberam que as pessoas que tem em sua dieta bastante ômega-3 ácidos graxo (DHA e EPA encontrados nos peixes, especialmente no salmão) também parecem ter menos risco de DMRI. Esperamos ter em 2013 os resultados do AREDS2.
Pergunta: Gostaria de saber se conversaremos sobre a DMRI neovascular (também chamada de exsudativa), atrófica (chamada de seca), ou ambas?
A degeneração macular relacionada à idade começa com as drusas, pontos amarelos na retina, que podem levar a atrofia e perda de células da retina necessárias para a visão. Esse processo é chamado de DMRI seca. Novos vasos sangüíneos podem ser desenvolvidos e o resultado pode ser a DMRI exsudativa. Todo esse processo é chamado de DMRI.
Não faz muito tempo as pessoas pensavam que a perda de visão na idade madura era inevitável, como ossos frágeis e dentaduras. Mas agora sabemos que podemos ter ossos e dentes saudáveis para o resto da vida. E com relação à visão?
Sabemos que com o avanço da idade corremos o risco de termos glaucoma, catarata e DMRI. Esta representa mais de 50% de perda de visão nos Estados Unidos. Quanto mais longeva for a população, mais pessoas serão afetadas. Além da idade, o risco de DMRI pode também ser aumentado por influências genéticas e fatores ambientais como tabagismo e hábitos alimentares.
O que você diria para alguém que tenha um membro da família com DMRI e está preocupado em herdar a doença? Ajudaria fazer um teste genético?
Um exame oftalmológico avaliando o risco de uma pessoa ter a DMRI seria útil. Em nossos estudos, parece que acrescentar a informação genética não aumenta a probabilidade para uma melhor previsão da doença. Além disso, não temos boas terapias preventivas para isso. Por esses motivos o teste genético não me parece tão interessante.
É verdade que óculos de sol podem prevenir a DMRI? Devemos evitar luz azul? E a luz do computador, TV e telefones?
Não há dados clínicos que sugerem que a luz de qualquer fonte possa danificar ou promover a DMRI.
Há muitos anos você e seus colegas têm trabalhado em uma grande pesquisa clínica buscando os fatores de risco da DMRI e avaliando se altas doses de antioxidantes e zinco alteram a progressão da doença. Nesse estudo, chamado de AREDS, vocês descobriram que antioxidantes e zinco podem reduzir significantemente o risco de avanço da DMRI. Em 2006 vocês lançaram uma segunda fase de estudo chamado AREDS2, para testar se uma combinação modificada de vitaminas, minerais e óleo de peixe, retardaria a progressão da perda da visão. Qual o seu conselho para as pessoas portadoras de DMRI, pensando nas pesquisas AREDS e AREDS2 para prevenir que sua visão piore?
Estamos esperando os resultados dos estudos do AEDS2, que está avaliando o papel da luteína/zeaxantina e ómega-3 ácidos graxos (óleo de peixe). Para os pacientes com grandes drusas em ambos os olhos ou DMRI avançada em um olho, suplementos AREDS devem ser considerados. Obviamente, recomendamos dieta saudável com vegetais de folhas verdes e peixe.
Os resultados do AREDS e AREDS2 se aplicam a alguém sem DMRI, mas que quer prevení-lá?
O uso de suplementos AREDS sem DMRI não é autorizado. Ele não previne o desenvolvimento da DMRI inicial. A fórmula do AREDS2 não é recomendada nesse momento, pois ainda não temos o resultado do estudo.
Só para que fique claro, para uma pessoa sem DMRI, vocês recomendariam ou não comer mais peixe e certos tipos de vegetais como prevenção, já que estou envelhecendo?
Eu recomendaria uma dieta rica com vegetais de folhas verdes e mais de uma porção de peixe por semana.
E com relação às vitaminas que encontramos em estabelecimentos que dizem ser boas para a saúde do olho?
A única vitamina aprovada para as pessoas com risco de DMRI avançada é a fórmula AREDS.
Vamos ser práticos. Com que freqüência deve-se ir ao oftalmologista?
Depende da condição de seus olhos. Se você tem diabetes, deve fazer exames com bastante freqüência.

O que as pessoas podem fazer para monitorar sua própria visão?
Digo para os pacientes que correm o risco de desenvolver a DMRI avançada, para testarem a visão de um olho por vez. Deve-se cobrir um olho para testar o outro. Isso pode ser feito quando se está lendo ou usar a tabela de Amsler (ou um gráfico desenhado no papel) e procurar por áreas embaçadas ou distorcidas.

 
O National Institutes of Health tem um centro chamado de National Center for Complementary and Alternative Medicine (NCCAM). Sabemos que em muitos países o uso de medicamentos não convencionais é comum. Existe algum trabalho sendo feito para estudar medicação complementar e alternativa para a prevenção da DMRI?
Podemos considerar o estudo da luteína/zeanxantina e óleo de peixe um tipo alternativo de remédio. Na verdade, o NCCAM apóia o estudo AREDS2 com recursos financeiros.
A missão da AMD Alliance International é de trazer conhecimento, ajuda e esperança para as pessoas afetadas por DMRI em qualquer lugar do mundo. Em outras palavras, a AMD serve a comunidade mundial. Se a instituição e seus aliados enviassem uma mensagem para todos os cantos do mundo, qual seria?
Estamos trabalhando bastante para encontrar tratamentos para a forma atrófica de DMRI. Embora tenhamos um tratamento muito bom para a DMRI neovascular com Lucentis, Avastin e agora Eylea, nós gostaríamos muito de descobrirmos uma terapia preventiva para a DMRI.
Qual é a próxima estratégia do National Eye Institute para prevenção da DMRI?
Estamos trabalhando em um estudo que está sendo patrocinado pela Fundação Beckman para avaliar manifestações físicas diferentes de DMRI (fenótipos) e avaliar a constituição genética (genótipo) de cada um. Isso pode nos ajudar a entender a causa da doença e talvez encontrar terapias preventivas melhores.
Você gostaria de dizer algumas palavras finais?
Embora não saibamos o que exatamente causa a DMRI, sabemos que certos fatores de risco estão associados a ela. Tabagismo e outros hábitos de vida como obesidade e em alguns estudos colesterol elevado. Prestar atenção em seus hábitos pode fazer diferença na visão das pessoas.

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