LIVE: Pesquisas apresentadas no Congresso da Retina Internacional 2024

No dia 05 de agosto de 2024, às 19h, a Retina Brasil fará uma live para discutir as Pesquisas apresentadas no Congresso da Retina Internacional 2024. Informações importantíssimas que fazem diferença para o cenário das doenças da Retina no Brasil.

As convidadas para apresentarem o conteúdo são as Médicas Oftalmologistas Doutoras Fernanda Porto, Mariana Salles e Juliana Sallum, da Retina Brasil. A live sera mediada por Angela Sousa, presidente da Retina Brasil.

Assista nossa live neste link: https://www.youtube.com/live/a46p1c55pGE?si=JRAxPpId6tDJ1mj9

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MANIFESTO DA RETINA BRASIL POR POLÍTICAS DE SAÚDE OCULAR

#AbraOsOlhoParaEssaCausa!

Segundo estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 2,2 bilhões de pessoas em todo o mundo têm uma deficiência visual, e 1 bilhão têm um prejuízo visual que poderia ter sido evitado ou ainda demanda tratamento.

A OMS coloca como desafio a necessidade de nos mobilizarmos para melhorar esse quadro, com grande número de pessoas com cegueira que poderia ter sido evitada.

A Constituição Brasileira em seu Artigo 6º, assegura a saúde como um direito social, sendo este um de seus princípios fundamentais. Assume também em seu Artigo 196, que a saúde é um dever do Estado e deve ser garantida como direito de todos. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia em seu relatório de 2023, estima que haja cerca de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual no Brasil.

Segundo o primeiro Relatório Mundial Sobre Visão de 2019, e o Relatório Condições de Saúde Ocular no Brasil 2023, o mundo enfrenta desafios em termos de cuidados oftalmológicos, como desigualdades na cobertura e qualidade dos serviços de prevenção, tratamento, reabilitação e envelhecimento da população dentre outros. Informam ainda sobre a escassez de prestadores de serviços oftalmológicos treinados e pouca integração dos serviços relacionados à saúde da visão nos sistemas de saúde, problemática que enfrentamos no Brasil.

A saúde ocular no Brasil, a despeito dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) é negligenciada como política pública. O acesso ao oftalmologista é difícil para o usuário do SUS, o que leva a termos um grande número de crianças, jovens adultos e idosos com doenças oftalmológicas não cuidadas.

Milhares de pessoas têm uma deficiência visual que poderia ter sido evitada se existisse acesso à assistência oftalmológica, especialmente nas áreas rurais. Se você consegue ler esse documento saiba que muitos não vão lê-lo porque não tiveram acesso aos cuidados com a visão. Outros lerão o documento fazendo uso da tecnologia assistiva como o leitor de tela.

I – DESAFIOS NA TRAJETÓRIA DO PACIENTE COM PROBLEMAS DE VISÃO NO SUS

  1. Acesso Limitado a Serviços Oftalmológicos: Pessoas que residem em áreas remotas e rurais, têm dificuldade em acessar serviços oftalmológicos básicos e especializados. Faltam profissionais qualificados na Atenção Primária o que afeta negativamente o cuidado preventivo com a visão.
  2. Longas Esperas para Consultas e Cirurgias: A demora no agendamento de consultas e na realização de cirurgias oftalmológicas, como as de catarata, leva à perda da visão que poderia ter sido tratada. Filas longas resultam em diagnósticos tardios e complicações que poderiam ser evitadas.
  3. Diagnóstico e Tratamento Precoce: A falta de programas eficazes de triagem e prevenção impede o diagnóstico precoce de condições que levam à cegueira. Sem detecção oportuna, doenças tratáveis como a Degeneração Macular Relacionada a Idade (DMRI), Edema Macular Diabético, Catarata, erros de refração, glaucoma dentre outras, podem evoluir para estágios avançados
  4. Educação e Conscientização: Há falta de campanhas educacionais abrangentes, em TV Aberta, Escolas, Universidades, realizadas principalmente pelo poder público através do Ministério da Saúde e Secretarias da Saúde Estaduais e Municipais, Ministério da Educação, Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania etc. Essas campanhas devem tratar da importância da saúde da visão, cuidados e a prevenção de doenças oculares, e a ausência delas resulta em baixa adesão a cuidados preventivos e visitas regulares ao oftalmologista.
  5. Infraestrutura e Equipamentos: Muitas unidades de saúde não possuem os equipamentos necessários para realizar exames oftalmológicos básicos e avançados, limitando a capacidade de diagnóstico e tratamento adequado. Existe demora de acesso à Atenção Secundária e Terciaria das Especialidades da Oftalmologia no SUS.

II – IMPACTO DA DEFICIÊNCIA VISUAL NA QUALIDADE DE VIDA

  • Perda da função visual: Visão turva, intolerância ao brilho, tonturas, dificuldade de enxergar com pouca luz, contraste deficiente, percepção de profundidade deficiente, perda visual progressiva, deterioração da condição.
  • Perda da autonomia nas atividades do dia a dia: dificuldade para assistir TV, cozinhar, usar computador, dirigir, reconhecer rostos, ler, fazer uso de transporte público, especialmente nos idosos, que resistem à reabilitação.
  • Maior dependência de familiares e cuidadores: a resistência à reabilitação aumenta a necessidade da ajuda para compras, viagens,  caminhadas,  consultas e exames médicos, transações bancárias, manuseio de documentos confidenciais.
  • Saúde mental: sentimentos como medo, frustração, tristeza, ansiedade, raiva, depressão; negação da doença, baixa autoestima
  • Emprego: Redução da jornada de trabalho, perda de emprego, redução da produtividade no trabalho.
  • Financeiro: despesas adicionais com cuidadores, transporte/Uber, dívidas etc.
  • Impacto sobre o cuidador e sobre o familiar: negação da vida pessoal, perda do tempo de lazer, preocupação e medo com o estado visual da pessoa cuidada. Quem cuida deixa de olhar para sua própria saúde.
  • Saúde física/geral: a baixa visão leva a acidentes domésticos e fora de casa como queimaduras, fraturas, contusões.
  • Saúde social, hobbies e atividades de lazer: Isolamento social, atividades sociais e de lazer limitadas, solidão, interação limitada com os membros da família, incapacidade de continuar os hobbies. Impacto na relação interpessoal entrre familia e paciente; perda da qualidade de vida.

III – PROPOSTAS PARA AÇÕES GOVERNAMENTAIS

  1. Atualização da Legislação: atualizar as portarias do Ministério da Saúde nº 288/2008 e nº 957/2008, incorporando doenças oftalmológicas que podem ser tratadas e atualizando as condutas de boas práticas médicas.
  2. Política Nacional de Saúde Ocular: atualizar e implementar uma Política Nacional de Saúde Ocular e incluí-la no Plano Nacional de Saúde de 2024 a 2027.
  3. Expansão de Serviços Oftalmológicos: Investir na formação e contratação de mais oftalmologistas e outros profissionais de saúde ocular, além de expandir a rede de clínicas e hospitais especializados em oftalmologia.
  4. Estratégias para responder as necessidades de cuidados oftalmológicos no Brasil: Inclusão de oftalmologistas na atenção primária, com os primeiros atendimentos oftalmológicos já na Unidade Básica de Saúde/Atenção Primária. Atendimentos Oftalmológico integrado e Centrado nas Pessoas, promoção da saúde ocular através da prevenção, tratamento e reabilitação. Cuidado com a saúde ocular da criança, jovem adulto e do idoso. Expansão da rede de atenção básica com inclusão de serviços oftalmológicos.
  5. Promoção da Saúde ocular, Prevenção, Tratamento e Reabilitação: – Programas de prevenção da cegueira; ofertas de consultas e exames oftalmológicos gratuitos através do SUS; cirurgias de catarata e outras intervenções cirúrgicas oftalmológicas; programas de reabilitação para pessoas com deficiência visual, como a disponibilização de recursos adaptativos de tecnologias assistivas, orientação e mobilidade e terapias ocupacionais.
  6. Redução das Filas de Espera: – Diminuição do tempo de trajetória do paciente, com a reformulação dos critérios da Regulação do Sistema Único de Saúde, e diminuição das filas, através da implantação de sistemas eletrônicos inteligentes que regulem o fluxo e o acesso aos serviços com a qualidade e os parâmetros de eficiência do atendimento oftalmológico com informações acerca do tipo de doença está sendo tratada; Implementar mutirões de consultas e cirurgias oftalmológicas para reduzir as filas de espera nos hospitais público de referência no tratamento das doenças oculares; Realizar parcerias com clínicas e hospitais privados para atender à demanda reprimida.
  7. Programas de Triagem e Prevenção: Desenvolver e implementar programas de triagem regular em escolas, comunidades e unidades básicas de saúde para detectar precocemente doenças oculares. Campanhas de vacinação ocular e de saúde preventiva também devem ser incentivadas.
  8. Campanhas de Educação e Conscientização: Investir em campanhas educativas para promover a importância da saúde ocular, prevenção de doenças e detecção precoce. Fazer as campanhas com abrangência nacional, incorporando-as no calendário oficial brasileiro. Campanhas de conscientização e prevenção em saúde ocular com produção de material informativo sobre saúde ocular, prevenção e reabilitação em formato acessível em diferentes plataformas de comunicação e informação.
  9. Modernização da Infraestrutura: Equipar unidades de saúde com os aparelhos necessários para exames oftalmológicos completos, como tomógrafos opticos , retinógrafos e equipamentos de biometria. Além disso, garantir a manutenção e atualização desses equipamentos.
  10. Integração com Programas de Saúde Pública: Integrar a saúde ocular com outros programas de saúde pública, como o de controle de diabetes e hipertensão, para abordar de maneira holística os fatores de risco para doenças oculares.
  11. Rede de Apoio e Reabilitação: Criação de centros de reabilitação nos municípios e estados para pessoas com deficiência visual e surdocegueira, que ofereçam serviços de reabilitação integrados a equipes multidisciplinares. Inclusive com apoio às famílias, oferecendo suporte psicológico e social às famílias afetadas por doenças oculares.

IV – SOBRE A RETINA BRASIL

 A Retina Brasil é uma associação nacional de pessoas com Doenças Oculares desde as raras, que são hereditárias e atingem a retina até  as doenças comuns, como a retinopatia diabética, degeneração macular relacionada a idade, edema macular, dentre outras patologias oculares. Lutamos desde 2002, pelos direitos dos(as) brasileiros(as) à saúde ocular. Somos 14 grupos regionais de Retina espalhados no país, estamos no Conselho Nacional de Saúde (CNS) e no Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade). Temos um comitê científico de três pesquisadoras eminentes – Dra. juliana Sallum (SP), Rosane Resende (RJ) e Fernanda Porto (MG).

  1. Em 2023 realizamos a I Conferência Livre Nacional da Retina Brasil – O Brasil que temos o Brasil que queremos: SUS e a garantia da saúde ocular. Ali debatemos e elencamos 5 (cinco) propostas, elegemos cinco delegados que participaram da 17ª Conferência Nacional de Saúde (17ª CNS) realizada em Brasília de 2 a 5/07/2023. Nossas propostas foram aprovadas na 17ª CNS e inseridas na Resolução Nº 719 de 17/08/2023 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). A Retina Brasil participa de reuniões, eventos e debates promovidos pelas seguintes frentes parlamentares da Câmara dos Deputados: Frente Parlamentar Mista em prol da luta contra a cegueira e Frente Parlamentar Mista da Inovação e Tecnologias em Saúde para Doenças Raras.
  2. Milhões de pessoas enfrentam hoje desafios significativos na busca de cuidado com a visão, especialmente no Sistema Único de Saúde (SUS). Este manifesto destaca os principais desafios enfrentados pelos pacientes no SUS e propõe ações concretas que o governo brasileiro através do Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde e outros setores governamentais e da Sociedade Civil, Sociedades Médicas da Oftalmologia podem implementar para melhorar a saúde ocular no Brasil.

V – CONCLUSÃO

Precisamos ser informados e educados para o cuidado com a saúde ocular e termos acesso a ela, e é fundamental para garantir uma vida plena e produtiva aos brasileiros. Enfrentar os desafios atuais e implementar ações eficazes requer um compromisso contínuo e colaborativo entre governo, parlamentares, sociedades médicas da oftalmologia, profissionais de saúde e a sociedade civil.

A nossa esperança é que possamos enfrentar juntos esses desafios para ajudar os brasileiros a prevenir as doenças oculares e a deficiência visual de maneira mais eficaz, fornecendo serviços oftalmológicos de qualidade, de acordo com as necessidades da população em todo território nacional.

Queremos ser a VOZ DO PACIENTE e contribuir no processo de elaboração de uma política de saúde ocular eficaz e sustentável.

Portanto, Nós, da Associação de Pacientes Retina Brasil, entidade que representa mais de 8.000 pessoas com doenças da retina e outras patologias visuais, juntamente com nossos Grupos Regionais, Associações afiliadas e pessoas da Sociedade Civil que subscrevem este Documento, reivindicamos a implementação urgente de melhorias na Política Nacional de Saúde. Reconhecendo a importância da saúde ocular, da prevenção, e da reabilitação, para a qualidade de vida das pessoas, e entendendo necessário aprimorar o sistema atual

Este manifesto é um chamado à ação para que possamos construir um futuro em que todos tenham acesso a uma visão saudável e de qualidade. “Nada sobre nós sem nós!”

 #OlheParaEssaCausa!

Sai muito mais caro perder a visão.

Assine também este Manifesto: https://chng.it/6htpJBNpXj

Retina Brasil

Aliança Rara

Associações de pacientes com problemas de visão sugerem prazos para atendimento no SUS

As entidades reclamaram das filas e da demora nos atendimentos e pediram a aprovação de projeto de lei com prazos máximos de espera para consultas

Pacientes com problemas de visão reclamaram do atendimento oftalmológico no Sistema Único de Saúde (SUS) em audiência pública na Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados.

De acordo com a representante da Retina Brasil, Ângela Sousa, o tempo para conseguir atendimento com oftalmologista no SUS é de, no mínimo, dois anos. Já a coordenadora da Coalizão Vozes do Advocacy Diabetes e Obesidade, Vanessa Pirollo, afirmou que, em algumas cidades de São Paulo, existem, em média, 18 mil pessoas na fila para consulta oftalmológica.

Diante deste quadro, a ativista sugeriu um projeto de lei com tempos máximos de espera por atendimento oftalmológico no SUS. “A gente fez um projeto de lei para que o prazo para ter acesso ao oftalmologista não passasse de 60 dias, que não passasse de 30 dias o prazo para acesso aos exames necessários para diagnosticar a retinopatia diabética, e que o tratamento estivesse disponível em até 30 dias.”

Segundo Vanessa Pirollo, cerca de 150 mil brasileiros desenvolvem retinopatia diabética por ano. Se essa condição não for tratada, leva à cegueira. Ainda conforme a especialista, o País gasta R$ 43 bilhões anualmente com medicamentos e tratamentos das complicações da retinopatia. Ela ressaltou que, quando a pessoa perde a visão, pede aposentadoria antecipada, vai precisar de um cuidador, e tudo isso vai onerar ainda mais os cofres públicos.

Por isso, os participantes insistiram na importância do diagnóstico precoce e da prevenção e reivindicaram a contratação de mais oftalmologistas para o SUS.

Diagnóstico
Autora do pedido para a realização do debate, a deputada Fernanda Pessoa (União-CE) afirmou que 70% dos casos de pessoas que se tornaram cegas poderiam ter sido evitados com diagnóstico preciso. “Daí vem a questão da acessibilidade em calçadas, ônibus, em suas próprias casas, emprego, a dificuldade de remuneração que uma pessoa acometida pela cegueira apresenta. Ou seja, um simples acesso a políticas públicas de saúde ocular apresentaria melhorias em tantas outras situações.”

Na opinião da diretora do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, Wilma Lellis Barbosa, para a realização do diagnóstico precoce de problemas oftalmológicos é fundamental o trabalho integrado de diferentes especialistas do SUS. Segundo ela, o médico que atende um paciente com diabetes, por exemplo, precisa sempre solicitar uma avaliação de fundo de olho por um oftalmologista. Dessa forma, seria possível detectar problemas no início e readequar o tratamento.

Fonte: Agência Câmara de Notícias