O Dia Nacional do Braille, comemorado todo dia 8 de abril, existe para conscientizar a sociedade sobre a importância de políticas públicas para a educação de pessoas com deficiência visual, cegas ou com Baixa Visão. O dia foi escolhido em homenagem ao nascimento de José Álvares de Azevedo, o professor responsável por trazer o Sistema Braille ao Brasil em 1850. A data representa ainda o motivo da escolha do mês de abril para a Campanha do Abril Marrom, uma Campanha para a prevenção, combate e reabilitação às diversas espécies de cegueira.
O Braille é importante até hoje, mesmo com novas tecnologias como os leitores de tela e conversores de texto em áudio. O Sistema Braille exerce papel essencial para a alfabetização de crianças cegas e é uma ferramenta eficaz de promoção da inclusão. As novas tecnologias não retiram do Braille a sua importância, ao contrário, somam novos recursos e possibilidades à educação e à inclusão de pessoas com deficiência visual.
O sistema Braille
O Braille é um sistema de códigos táteis em alto relevo que representa todas as letras do alfabeto, números, pontuações, códigos aritméticos, etc. O sistema tem seis pontos dividimos em duas colunas com três pontos cada. A combinação desses pontos forma as letras, os números etc. O Braille pode ser impresso em diferentes materiais, desde o tradicional papel, até madeira ou metal.
Quem criou o sistema Braille foi o francês Louis Braille em 1825. Por isso, inicialmente, o sistema foi pensado para o alfabeto latino que é usado no francês, no português, no inglês, etc. Contudo, como o Braille é um sistema de códigos ele é universal e pode ser adaptado para qualquer tipo de alfabeto, como o Russo ou o Chinês.
Louis Braille
Louis Braille nasceu na França em 04 de janeiro de 1809. Seu pai trabalhava com a produção de arreios e selas, e quando Louis tinha três anos ele se acidentou na oficina do pai, ferindo o olho direito, O ferimento levou a uma infecção que provocou a cegueira total em ambos os olhos. Louis Braille foi para a escola normal e com 10 anos recebeu uma bolsa para estudar no Instituto Real de Jovens Cegos de Paris.
Na instituição, Louis Braille teve a oportunidade de conhecer, aos 12 anos, o capitão Charles Barbier que apresentou um sistema de escrita noturna tátil utilizado nos campos de batalha para a comunicação dos soldados quando não havia luz. O sistema tinha 12 pontos distribuídos em linhas e colunas e foi adotado pelo Instituto. Louis Braille entusiasmou-se com a novidade e dedicou-se a aperfeiçoar o sistema. Após dois anos de trabalho, ele lançou uma versão otimizada com apenas 6 pontos representando todas as letras do alfabeto. Após mais um ano de estudo, ele mostrou a representação dos números e código musical.
Os estudantes do Instituto adoraram o Braille, mas o sistema demorou até ser compreendido pelos videntes e chegou até mesmo a ser proibido no Instituto, levando as crianças a prendê-lo sozinhas e escondido. Somente em 1854, dois anos após a morte de Louis Braille o sistema foi aceito pelos professores e passou a ser ensinado oficialmente. O Estado Francês reconheceu a invenção somente em 1952, quando transferiu o corpo de Louis Braille para o Panthéon da nação.
José Álvares de Azevedo
José Álvares de Azevedo nasceu no Rio de Janeiro em 8 de abril de 1834, ele foi o primeiro professor cego no Brasil responsável por trazer o Sistema Braille ao país e considerado o patrono da educação de cegos no Brasil.
José Álvares de Azevedo nasceu cego em uma família abastada. Sua família ficou sabendo do Instituto Real de Jovens Cegos de Paris por um médico amigo e decidiram enviar o filho para a França quando ele tinha 10 anos. José estudou no Instituto até os 16 anos e lá conheceu o Sistema Braille que ainda estava em fase experimental. Ele ficou fascinado com a inovação e, ao retornar ao Brasil, dedicou-se ao ensino do Braille. Seu sonho era criar, no Brasil, uma escola para o ensino de cegos.
Uma de suas aluna foi Adélia Sigaud, uma moça cega e filha do médico da Corte Imperial Dr.Francisco Xavier Sigaud. O médico ficou impressionado ao ver o desenvolvimento de sua filha após aprender o sistema Braille e conseguiu marcar uma audiência para José álvares de Azevedo com o Imperador Dom Pedro II. José Álvares demonstrou o sistema ao Imperador que ficou admirado e apoiou a criação de uma escola para cegos no Brasil.
Essa escola, existe até hoje no Rio de Janeiro, é o Instituto Benjamin Constant, que foi inaugurado em 1854, seis meses após a morte de José Álvares de Azevedo. Ele faleceu aos 20 anos de tuberculose.
Escrito por: Marina Leite Brandão
Fonte:
https://www.calendarr.com/brasil/dia-nacional-do-sistema-braille/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Louis_Braille
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_%C3%81lvares_de_Azevedo