(por Ana Lucia Perfoncio )
A comunidade surda é composta por pessoas com vários níveis de perda auditiva, de diferentes origens e culturas. Cada pessoa se identifica com seu próprio termo preferido.
A perda auditiva tem várias causas e pode acontecer de duas formas:
– Congênita: quando o bebê já nasce surdo, seja por motivo de hereditariedade (como é o caso da síndrome de Usher: doença caracterizada pela surdez e pela perda gradativa da visão), ou devido ao efeito de medicamentos, drogas ou álcool consumido pela gestante, ou de doenças adquiridas durante a gestação (rubéola, sarampo e outros), infecções hospitalares, parto antes ou depois do tempo ideal.
– Adquiridas: encontram-se naqueles que nascem com a audição normal, mas por algum fator patológico ou acidental perdem a audição. Ex: Doenças infecciosas como otite, rubéola, meningite, sarampo, caxumba entre outros, tumores no ouvido, Ingestão de remédios tóxicos para os ouvidos, exposição a sons impactantes (como os de uma explosão) ou a sons contínuos muito altos, devido a acidentes/traumas. A causa mais comum é a perda auditiva devido ao envelhecimento.
Em relação à surdez congênita é fundamental a realização do teste da orelhinha, um exame feito nas primeiras horas de vida que faz parte da triagem na maioria das maternidades. O teste é rápido e indolor e pode detectar quase 100% dos problemas auditivos.
Ao detectar a surdez, o paciente deve buscar com um otorrinolaringologista e um fonoaudiólogo. Os especialistas podem recomendar uso de aparelhos auditivos (AASi) e o modelo ideal para cada caso. Já em casos de surdez profunda, indica-se o implante coclear (IC): um aparelho eletrônico de alta complexidade tecnológica, implantado cirurgicamente.
Em alguns casos, pessoas com surdez profunda não conseguem testar o uso de aparelhos auditivos e/ou implante coclear. São os que não se adaptaram, ou não tiveram acompanhamento terapêutico necessário. Eles utilizam a língua de sinais como forma de comunicação. A língua de sinais é uma opção comum, boa e acessível, embora haja limitações por não ser compreendida pela maioria da população ouvinte.
Existem 4 tipos de surdos:
– Surdo sinalizado: Pessoa com perda auditiva e que não desenvolveu a fala. Geralmente usa a linguagem gestual, a língua de sinais oficial de seu país. (libras, no Brasil)
– Surdo oralizado: pessoa com perda auditiva, seja parcial ou total, que desenvolveu sua técnica vocal. Ele pode usar ou não aparelho auditivo/implante coclear e também fazer leitura labial para se comunicar. Nem todo surdo oralizado sabe a língua de sinais.
– Surdo bilíngue: é o surdo que domina a língua oral e a língua de sinais. Os bilíngues seriam então, usuários de duas línguas, utilizando-se de uma ou de outra para comunicar-se de acordo com seu interlocutor.
– Surdocego: É o caso das pessoas com Síndrome de Usher. Elas tem um comprometimento auditivo e visual. Ser surdocego não implica quantidade de visão e audição que a pessoa tem, e sim o impacto combinado de perda sensorial. O surdocego pode ser surdo oralizado, sinalizado ou bilíngue. O único diferencial é que ele também possui deficiência visual.
Segundo Censo do IBGE em 2010 o Brasil possuía cerca de 10 milhões de surdos. Em cada mil recém-nascidos, três já nascem com perda auditiva.
É muito importante entender as necessidades específicas de comunicação de cada pessoa surda, seja falando de frente e de forma adequada e pausada para os surdos oralizados ou disponibilizando os serviços de intérpretes de libras para os surdos sinalizados.
Descrição da Imagem: Card branco ladeado por detalhes em tons de verde. No centro superior, o logo da Campanha Olhos Raros e no meio o enunciado do post: Conheça a Síndrome de Usher. Finaliza com o logo da Retina Brasil no rodape. Fim da descrição.