‘Abril Marrom’ e ‘Ano da Visão 2020’: saúde ocular e possibilidades de tratamento

#PraCegoVer imagem com fundo em cor bege escuro e com a identificação do Abril Marrom como uma fita marrom trançada uma vez no espaço entre o cruzamento da fita há um desenho ilustrativo de um olho. Está escrito: "abril marrom Mês de Prevenção, Combate e Reabilitação às diversas espécies de cegueira". Na parte inferior está a #abrilmarrom e a logo da Retina Brasil.

No Brasil, existem cerca de 1.2 milhões de pessoas cegas, sendo que 60% e 80% dos casos de cegueira poderiam ter sido evitados 1

São Paulo, abril de 2020 – Os cuidados com a saúde ocular e a prevenção de doenças que causam a cegueira são lembrados nesse mês e durante o ano com as iniciativas ‘Abril Marrom’ e o ‘Ano da Visão 2020’. No Brasil, há cerca de 1.2 milhões de brasileiros cegos, segundo dados da publicação ‘As Condições de Saúde Ocular no Brasil – 2019’ do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), porém, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 60% e 80% dos casos de cegueira poderiam ter sido evitados, pois resultam de causas previsíveis ou tratáveis. 1

A campanha ‘Abril Marrom’ tem o objetivo de educar a sociedade sobre o diagnóstico precoce das doenças oculares para prevenção e reabilitação da cegueira. A cor marrom foi escolhida por ser predominante na íris da maioria dos brasileiros, que é a parte mais visível dos olhos e responsável por controlar a quantidade de luz que entra nos olhos. 2

Já o ‘Visão 2020: o direito à Visão’ é uma iniciativa global para a eliminação da cegueira evitável até o ano de 2020, um programa da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB). 3 Trata-se de um programa para direcionar a atenção mundial a países onde a saúde ocular é uma questão importante, ou seja, nos países em desenvolvimento, onde vivem mais de 90% das pessoas com deficiência visual no mundo 1 .

A cegueira provoca efeitos na vida social e econômica do indivíduo, como custos com serviços médicos e produtos, cuidadores, equipamentos, modificações nas casas, bem como reabilitação e a educação dos cegos em uma nova realidade. Por outro lado, é importante a conscientização da população de que a cegueira não é incapacitante: “É essencial desmitificar a cegueira estereotipada de que a pessoa se tornará incapaz no mercado de trabalho e na sociedade. Eu mesma possuo a DHR (Amaurose Congênita de Leber) e atuo hoje como psicóloga em instituições. Por isso, a necessidade de conscientização, de que a pessoa precisará de reabilitação e de adaptação a uma nova realidade e a um recomeço da vida, mas não é, de forma alguma, incapaz”, afirma Cecília Vasconcellos, psicóloga que atua no Instituto de Genética Ocular e do Grupo Retina São Paulo.

A cegueira infantil continua tendo alta prioridade por causa do número de anos que a pessoa viverá com a cegueira e seus efeitos. Muitas vezes, o diagnóstico precoce e os cuidados com a visão das crianças pode mudar o curso de suas vidas, já que cerca de 500.000 crianças ficam cegas por ano (quase uma por minuto) 1 . Estima-se que haja cerca de 1,4 milhões de casos de cegueira em crianças com menos de 15 anos de idade, sendo que cerca de 40% das causas de cegueira infantil são evitáveis ou tratáveis 1 .

“Quando o assunto é saúde ocular, prevenção é fundamental em todas as idades. A visão se desenvolve até os 7 anos de vida, portanto, medidas de prevenção como o pré-natal e o ‘teste do olhinho’ nas maternidades, bem como avaliações oftalmológicas desde o primeiro ano de vida são fundamentais para evitar muitas doenças oculares que causam deficiência visual. Os cuidados devem ser feitos o mais rapidamente possível, garantindo a qualidade de vida em todas as faixas etárias”, reforça a Profa Ms Eliana Cunha, ortoptista especialista em baixa visão e coordenadora de Educação Inclusiva da Fundação Dorina Nowill para Cegos

O diagnóstico das doenças hereditárias que causam a cegueira é essencial no público infantil. Quanto mais cedo for possível detectar tais doenças que, muitas vezes, são raras e de causas genéticas, melhor será o encaminhamento para o tratamento e, assim, impedir o agravamento e a evolução da doença para cegueira. Na opinião da Maria Júlia Araújo, presidente da associação Retina Brasil: “É fundamental conscientizar os pais para que fiquem atentos e desconfiem se o uso de óculos nas crianças não resolve o problema de visão. Isso pode ser um sinal para procurar ajuda especializada de profissionais a fim de investigar melhor até mesmo com teste genético. Para isso, também existem associações que dão apoio e informação às pessoas com Doenças Hereditárias da Retina, e orientam sobre os tratamentos existentes”.

No caso das Doenças Hereditárias da Retina (DHR), que frequentemente afetam crianças e jovens adultos de maneira desproporcional 4 , pode levar à cegueira. “O ‘Abril Marrom’ chama atenção para a prevenção da cegueira. Muitas estratégias de saúde são necessárias como acesso ao exame ocular, prescrição de óculos, vacinação contra rubéola, medidas sanitárias necessárias para a prevenção da toxoplasmose ocular, dentre outras doenças infecciosas, bem como o tratamento para doenças prevalentes como catarata, glaucoma, retinopatia diabética e descolamento de retina. Na minha área de estudo, doenças raras de causa genética, as pesquisas mostraram que a terapia gênica é uma ferramenta de tratamento possível para algumas doenças genéticas da visão. Foram publicados resultados positivos na prevenção da perda visual causada por algumas doenças raras”, conclui a Profa Dr a Juliana Sallum, Oftalmologista e Geneticista do Instituto de Genética Ocular e Professora Afiliada do Departamento de Oftalmologia da UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo.

A Novartis apoia o “Abril Marrom” e colaborou com o texto acima.

Referências
1. Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Disponível em: http://www.cbo.com.br/novo/publicacoes/condicoes_saude_ocular_brasil20 9.pdf. Acesso em abril 2020.
2. Fundação Dorina Nowill. Disponível em: https://www.fundacaodorina.org.br/blog/abril-marrom-2018/. Acesso em abril 2020.
3. Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB). Disponível em: https://www.iapb.org/global-initiatives/vision- 2020/what-is-vision-2020/ Acesso em abril 2020.
4. Khan Z et al. Burden and Depression among Caregivers of Visually Impaired Patients in a Canadian Population. Advances in Medicine, 2016, 1–8. https://doi.org/10.1155/2016/4683427.

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