Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), qualidade de vida é a percepção que temos em relação aos nossos objetivos, expectativas, padrões e preocupações diante de um contexto sistemático de valores e cultura. Embora não haja um conceito único e definitivo sobre o tema, especialistas chegam ao consenso de que o próprio indivíduo é capaz de ressignificar e construir meios que contribuam para a melhoria na sua qualidade de vida.
A qualidade de vida está tradicional e intrinsecamente associada à ideia de felicidade e bem-estar, portanto, é comum que busquemos fatores que nos conecte à estabilidade tanto da saúde física e mental quanto da emocional, intelectual e espiritual.
Um fato recorrente na vida das pessoas que perdem a visão, principalmente na vida adulta, é a dificuldade em dar prosseguimento aos estudos, tanto para completar o ciclo educacional quanto para a readequação a uma nova carreira. Por outro lado, são inúmeros os relatos de pessoas com deficiencia visual que romperam as barreiras impostas pela falta de acessibilidade e conquistaram não apenas o tão sonhado diploma como também a autoestima necessária para retomar a vida profissional.
[su_divider top=”no” divider_color=”#3
Leia sobre asDoenças Raras e Hereditárias da Retina
Leia sobre Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) e Retinopatia Diabética
[su_divider top=”no” divider_color=”#3
De acordo com um estudo realizado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), pessoas que estudam mais tendem a ser mais felizes e ter uma expectativa de vida maior, pois, segundo os autores da pesquisa, as pessoas desenvolvem novas habilidades, melhoram a sua condição social e passam a ter acesso a redes que auxiliam na realização de conquistas pessoais.
Além da LBI (Lei Brasileira de Inclusão, nº 13.146/15), que assegura os direitos das pessoas com deficiência em diversos âmbitos, inclusive o educacional, existem também leis que corroboram para a inclusão destas pessoas no ensino superior, como é o caso da Lei nº 13.409/16, que institui cotas para pessoas com deficiência em universidades federais, e do ProUni (Programa Universidade para Todos), que também estabelece cotas de bolsas para pessoas com deficiência em universidades privadas.
Ademais, para aqueles que não pretendem ingressar em um curso superior, é possível também dar continuidade aos estudos em instituições destinadas à reabilitação de pessoas com deficiência visual. Muitas destas instituições têm como parceiros empresas que financiam cursos de qualificação profissional e cursos extracurriculares, que ajudam a aprimorar o conhecimento em diversas áreas.
Por fim, outro ponto que deve ser observado é que estudar envolve também a questão da falta de materiais didáticos acessíveis, uma das grandes preocupações de quem perde a visão na vida adulta, principalmente, pelo fato de não ter sido alfabetizado por meio do sistema Braille. Nessas horas, é a tecnologia a grande aliada da inclusão, permitindo que a leitura de livros digitais e, até mesmo livros físicos, sejam lidos por meio da síntese de voz de aplicativos disponíveis em dispositivos móveis ou em computadores.
Tendo em vista que a leitura de livros não é mais um empecílho na vida da pessoa com deficiência visual, podemos elencar também mais este item à melhoria na qualidade de vida de quem estuda. Já é cientificamente comprovado que a leitura traz inúmeros benefícios à saúde mental e intelectual, como por exemplo, melhorias da função cerebral, desenvolvimento do poder comunicativo, estímulo da criatividade e do senso crítico, além de proteger contra doenças como o mal de Alzheimer.
Portanto, estude mais, leia mais! Mesmo que enfrente obstáculos pelo caminho, tenha em mente as palavras do filósofo Confúcio: “Não importa o quão devagar você vá, desde que não pare”.
Referências:
OMS. The World Health Organization Quality of Life Assessment (WHOQOL): position paper from the World Health Organization. Social science and medicine. v.41, n.10, 1995, p.403-409.
Acesso ao estudo citado:
http://www.oecd.org/education/skills-beyond-school/EDIF%202013–N°10%20(eng)–v9%20FINAL%20bis.pdf