A Semana Internacional de Conscientização da Degeneração Macular Relacionada à Idade – DMRI
tem por objetivo a conscientização da doença, seus fatores de risco e prevenção.
A AMD Alliance e a Retina Brasil procuram na Semana Internacional de Conscientização da DMRI, divulgar informações, orientações e recursos aos pacientes e familiares, buscando assim, contribuir para minimizar o sofrimento das pessoas acometidas por esta doença.
A Retina Brasil busca também chamar à atenção para a realidade brasileira quanto ao acesso a saúde ocular no Brasil e especialmente para a DMRI.
A DMRI é uma doença crônica e progressiva. Ela é a principal causa da perda de visão em pessoas acima dos 60 anos.
As pessoas com DMRI desenvolvem uma diminuição da visão central, que é geralmente usada quando se olha para frente e em tarefas diárias comuns como leitura e dirigir. Em alguns casos, a doença progride vagarosamente e as pessoas notam pouca mudança na visão; em outros casos, ela progride rapidamente e pode levar a perda da visão dos dois olhos.
Há duas formas de DMRI: a seca e a exsudativa.
– A seca é o estágio inicial da doença e ocorre quando há um dano nas células sensitivas à luz da mácula levando gradualmente a uma visão central embaçada.
– A exsudativa é o estágio avançado da doença e geralmente aparece depois da versão seca. Alguns pesquisadores preferem usar o termo atrófica para a seca e neovascular para a exsudativa. Ela representa 10% dos casos de DMRI, onde vasos sanguíneos anormais crescem embaixo da mácula deixando vazar sangue e fluido. Isso causa uma ruptura e disfunção na retina e leva à diminuição da capacidade visual.
Atualmente, aproximadamente 30 milhões de pessoas no mundo têm DMRI. Este dado representa o dobro das pessoas acometidas de Alzheimer. Nos Estados Unidos, 10 milhões de pessoas têm alguma forma dessa doença. A cada ano estima-se que são diagnosticados 200 mil novos casos de DMRI exsudativa.
No Brasil estima-se que 3 milhões pessoas acima de 65 anos sofram de DMRI.
FATORES DE RISCO
São considerados fatores relevantes: idade, predisposição genética, fatores ambientais e de alimentação. O maior fator de risco é a idade: ele começa aproximadamente por volta dos 50 anos. Estudos mostram que depois dos 75 anos, a DMRI afeta mais ou menos 40% dos idosos. O tabaco também é um risco significante para a doença.
SINTOMAS
Um dos sintomas mais comuns da DMRI seca é a visão embaçada. Os primeiros sinais são pequenos depósitos amarelados embaixo da retina que podem ser fragmentos de tecidos deteriorados. Geralmente a DMRI seca precede a exsudativa, mas isso não acontece com todos os pacientes. Ainda não se sabe se, ou quando, ela progredirá para a exsudativa. Um sintoma comum inicial da DMRI exsudativa é a visão turva de linhas retas. Pontos cegos pequenos também podem ser desenvolvidos quando o paciente está no processo da perda da visão central. Já que a DMRI exsudativa pode causar perda de visão grave e repentina – muitas vezes em semanas ou meses depois dos sintomas iniciais – o diagnóstico e tratamento precoces são essenciais.
IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA
A DMRI traz um impacto para pacientes, familiares, cuidadores e sociedade como um todo. Na verdade, o custo financeiro real da diminuição da capacidade visual no mundo por causa de DMRI foi estimado em 343 bilhões de dólares em 2010.
A DMRI reduz a qualidade de vida dos pacientes, causando dificuldades em suas atividades diárias e algumas vezes sendo a causa de isolamento social. Pacientes com DMRI têm um nível de depressão mais alto que o normal; têm duas vezes mais o risco de morte prematura; têm um risco maior de quedas e fraturas no quadril e, consequentemente, entrada prematura em atendimentos clínicos ambulatoriais.
TERAPIAS
Por enquanto não há terapia com drogas aprovada para a DMRI seca. Estudos mostram que uma dose específica de antioxidantes e zinco, reduz significantemente o risco de DMRI avançada e perda de visão associada em alguns pacientes. Um estudo mais novo chamado AREDS2 está avaliando o papel adicional dos nutrientes, lutein/zeaxantin e ômega-3 ácidos graxos (óleo de peixe), para prevenir a progressão da DMRI. Cientistas da NEI (National Eye Institute) recomendam uma dieta saudável com vegetais de folhas verdes e peixe.
Para a DMRI exsudativa, se diagnosticada a tempo, há tratamentos disponíveis que podem evitar a perda visual. O tratamento mais popular e eficaz é: terapia anti-VEGF. Este tratamento é baseado no uso de drogas que bloqueiam o VEGF – a molécula que promove o crescimento de vasos sanguíneos anormais e problemáticos na DMRI exsudativa.
Tratamentos mais antigos, cirurgia a laser e terapia fotodinâmica são usados algumas vezes.
PESQUISAS
Novas pesquisas sobre a DMRI fornecem esperanças para o futuro e podem até mesmo preencher as necessidades de tratamentos não atendidas até agora. São elas:
– Terapias que permitam um tratamento com frequência reduzida (ex: poucas injeções, menos visitas ao médico e redução de custos para os pacientes e órgãos públicos);
– Melhora nos métodos de distribuição das drogas (ex: colírios, compostos orais, radiação)
– Terapias que permitam um auto monitoramento em vez de visitas frequentes ao médico.
– Terapias com drogas combinadas que melhorem a eficácia e o ônus do tratamento
– Drogas que bloqueiem a doença nos estágios iniciais.
Age-Related Eye Disease Study – Results, National Eye Institute, US National Institutes of Health. Available at: http://www.nei.nih.gov/amd Accessed on April 5, 2011.
A DMRI no Brasil
Calcula-se que aproximadamente 3 milhões de brasileiros acima de 65 anos sofram de DMRI em estágios variados de evolução.
- 10% dos casos de DMRI apresenta-se na forma úmida que apesar de menos freqüente é a que causa a maior parcela (cerca de 90%) dos casos de perdas graves da visão associadas à DMRI.
- A DMRI é uma das principais causas da perda visual em idosos. Outras causas são: catarata, retinopatia diabética e glaucoma.
- As principais causas da cegueira e baixa visão em adultos e idosos estão associadas ao envelhecimento da população.
- O Brasil apresenta um acelerado processo de envelhecimento, com transformações profundas na composição etária da população.
- Estima-se que em 2030 o número de idosos brasileiros será maior que crianças e adolescentes.
- O Brasil apresenta a terceira maior taxa de crescimento da população idosa se comparado com os países mais populosos do mundo, perdendo apenas para a Nigéria e México.
- Apresenta também uma das maiores taxas de aumento de expectativa de vida entre os países mais populosos do mundo, isso significa que teremos também a expectativa do aumento da prevalência das doenças oculares no idoso (catarata, retinopatia diabética, glaucoma e DMRI).
Como é o acesso ao diagnóstico, ao tratamento e reabilitação dos pacientes com DMRI
- A maioria dos pacientes brasileiros com DMRI no Brasil não está recebendo os cuidados necessários para manter a visão e evitar a perda progressiva da mesma por falta de diagnóstico precoce e das dificuldades de acesso ao tratamento.
- O sistema de saúde brasileiro é financiado por componentes públicos e privados.
– Sistema público: Sistema Único de Saúde (SUS) – responsável por 65% dos atendimentos.
-Sistema privado: Atendimentos particulares, Seguros Saúde e Planos de Saúde – responsável por 35% dos atendimentos.
- Falta acesso a um diagnóstico precoce na rede pública – para primeira consulta e acesso a exames o processo é muito demorado
- A rede pública ainda não disponibiliza tratamento para DMRI (exsudativa) – ainda não faz parte do rol de procedimentos do SUS.
- Desde 2012 a Retina Brasil vem acompanhando o processo de incorporação desse tratamento pela CONITEC, mas até a presente data o paciente atendido pelo SUS continua sem acesso ao tratamento.
- O acesso a reabilitação através da rede pública é precário. Há necessidade de ampliação de unidades que reabitem adequadamente esses pacientes.
Com base nos dados acima é de fundamental importância que o poder público dê a devida atenção às questões da saúde ocular do idoso, realizando campanhas para tratamento das doenças oculares como a catarata, a retinopatia diabética, o glaucoma e a DMRI, reduzindo assim a taxa de cegueira devido a falta de acesso ao tratamento adequado.