Neste mês de abril acontece a Campanha do Abril Marrom para a conscientização sobre a prevenção, combate e reabilitação à cegueira, e a Retina Brasil explica sobre as Distrofias Hereditárias da Retina. As Distrofias Hereditárias da Retina são doenças raras de caráter hereditário com diferentes padrões de herança genética, e provocam a degeneração das células fotorreceptoras da retina (cones e bastonetes), causando a perda visual progressiva.
A retina é a região do fundo do olho responsável por captar a luz. Quando as células da retina sofrem a degeneração elas passam a não funcionar corretamente e morrem. Assim, a luz não é captada adequadamente e a visão fica prejudicada.
Quais são essas doenças?
São Distrofias Hereditárias da Retina: Retinose Pigmentar, Doença de Stargardt, Síndrome de Usher (USH), Distrofia de Cones, Distrofia de Cones e Bastonetes, Amaurose Congênita de Leber, Acromatopsia, Coroideremia, Atrofia Óptica Dominante, Distrofia Macular de Sorsby, Doença de Best, Doença de Refsum, Neuropatia Óptica de Leber, Retinosquise Juvenil, Síndrome de Bardet-Biedl.
Sintomas
Os sintomas dessas doenças são variáveis de acordo com o tipo de célula acometido. Podem ser a perda do campo visual (visão lateral), dificuldade em enxergar no escuro (visão noturna), sensibilidade à luz (fotofobia), dificuldade de leitura e perda da visão de detalhes (visão central), dificuldade com cores, entre outros.
Essas doenças podem aparecer combinadas com outras anomalias, em outros órgãos, nesses casos são chamadas de síndromes, como a Síndrome de Usher, que junto com a perda visual ocorre a perda auditiva.
Cura e Tratamento
Não existe cura para nenhuma dessas doenças e os tratamentos estão em fase de pesquisa, trazendo esperança aos afetados, pois as pessoas com essas doenças enfrentam o desafio contínuo da perda visual.
O único tratamento que existe é para um único tipo de doença provocada pelo gene RPE-65, o nome desse tratamento é Luxturna e trata-se de uma terapia gênica. Esse tratamento ainda não está disponível no Brasil.
A Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) é uma das principais causas de perda da visão a partir dos 50 anos. Mais de três milhões de brasileiros são afetados por essa doença. A DMRI resulta de uma degeneração na mácula, área central da retina responsável pela visão central, leitura, identificação de detalhes e cores. Alguns dos sintomas iniciais da DMRI incluem embaçamento da visão ou percepção de que objetos e linhas estão “tortos”. Essas alterações podem, gradualmente, comprometer toda a visão central. A progressão da doença varia em cada caso e a melhor forma de prevenir é consultar-se com um oftalmologista periodicamente.
TESTE DA TABELA DE AMSLER
O teste da Tabela de Amsler (tabela da imagem) é uma forma de identificar se há problemas na retina. Para fazer o teste siga as instruções:
Coloque seu óculos ou lentes de contato habitual
Mantenha-se à distância normal de leitura da tela do computador, mais ou menos 30cm.
Cubra um olho (cada olho deve ser testado separadamente)
Olhe diretamente no ponto central da tabela com o olho descoberto e mantenha seu olho focalizado nele.
Ao olhar diretamente no ponto central, observe se todas as linhas da grade estão retas ou se alguma área está distorcida, embaçada ou escura ou em branco.
Repita este procedimento com o outro olho.
Se ao fazer o teste você notar que as linhas ficaram distorcidas ou embaçadas, ou se você ver alguma área escura ou em branco, procure um oftalmologista.
TIPOS DE DMRI
A DMRI pode ser: seca ou úmida (exsudativa). A primeira é a mais comum, e causa vários graus de perda visual. É identificada pelo acúmulo de depósitos amarelados na mácula, conhecidos como drusas. Os sintomas podem incluir distorção de imagens e dificuldade de leitura. É muito importante que, nessa fase, o paciente busque ajuda médica e adote um estilo de vida saudável.
Já a segunda forma de DMRI, a úmida, aparece em 10 a 15% dos casos, e é a principal responsável por perdas visuais mais graves. Os vasos anormais que se desenvolvem nesse estágio podem gerar lesões na retina.
DIAGNÓSTICO PRECOCE
O diagnóstico precoce da DMRI é muito importante. É essencial que, após os 50 anos, as consultas ao oftalmologista com especialidade em retina aconteçam anualmente. Em alguns casos, a depender da duração da doença, a perda visual pode não ser recuperada, por isso, quanto antes a DMRI for descoberta e tratada melhor será a preservação da visão.
Se diagnosticada precocemente pelo oftalmologista, a DMRI úmida (ou exsudativa) possui tratamento que pode evitar a perda visual. O tratamento consiste no uso de injeções intraoculares que bloqueiam a molécula responsável pelo crescimento de vasos sanguíneos anormais. Outros tratamentos que também podem ser utilizados são a cirurgia a laser e a terapia fotodinâmica.
COMO PREVENIR
Algumas medidas são importantes para prevenir a DMRI. Entre elas, não fumar, adotar uma dieta com alimentos pouco gordurosos e rica em verduras, controlar o peso, a pressão arterial e os níveis de colesterol, usar óculos escuros para proteger os olhos da radiação solar e observar antecedentes de casos da doença na família.
O Diabetes é uma doença conhecida e grave. Ele acontece quando o açúcar não é processado corretamente, elevando os níveis de glicose no sangue e trazendo males diversos à saúde do paciente, inclusive à saúde dos olhos. Cerca de 40% das pessoas com Diabetes desenvolvem algum tipo de alteração oftalmológica, por isso, neste #abrilmarrom é importante falar sobre a Retinopatia Diabética e o Edema Macular Diabético, duas doenças que aparecem em decorrência do Diabetes e que podem levar à cegueira. Essas doenças são hoje as maiores responsáveis por causar a cegueira na população em idade ativa.
Retinopatia Diabética (RD)
A Retinopatia Diabética acontece quando os vasos sanguíneos da retina, região do fundo do olho, são danificados pela grande quantidade de glicose no sangue. Ao longo do tempo, a glicose acumula-se dentro dos vasos sanguíneos, provocando elevação da pressão e consequente rompimento ou vazamento de líquidos. Esse processo é silencioso e o paciente só percebe a perda de visão quando a retina já está danificada. O paciente com retinopatia diabética pode ter visão turva, e manchas escuras na visão.
Edema Macular Diabético (EMD) ou Maculopatia Diabética
O Edema Macular Diabético é uma consequência da Retinopatia Diabética e aparece quando há acúmulo de líquido na mácula da retina. A mácula é a região central da retina responsável pela visão central, de leitura e de detalhes. Pacientes com Edema Macular Diabético terão dificuldade para ler, identificar rostos e realizar atividades diárias. Tanto a Retinopatia Diabética como o Edema Macular Diabético podem levar à cegueira.
Prevenção
A melhor forma de prevenir as duas doenças é controlar o Diabetes e consultar-se com o médico oftalmologista uma vez ao ano. Com a consulta preventiva é possível detectar e tratar a doença antes que ela provoque a perda da visão.
Tratamento
O tratamento para a Retinopatia Diabética e para o Edema Macular Diabético pode variar de acordo com o nível e a gravidade de cada paciente. Ele pode ser feito por medicamento, aplicado diretamente nos olhos, ou por cirurgia a laser. Atualmente, o tratamento mais comum é feito por medicamentos que impedem o crescimento dos vasos sanguíneos, conhecidos como anti-VEGF. O medicamento é aplicado mediante injeções intraoculares e a quantidade de aplicações varia caso a caso. O objetivo principal do tratamento é frear a doença, podendo haver recuperação da visão perdida. Quando mais cedo o paciente receber o diagnóstico e o tratamento, melhores serão os resultados.
O Dia Nacional do Braille, comemorado todo dia 8 de abril, existe para conscientizar a sociedade sobre a importância de políticas públicas para a educação de pessoas com deficiência visual, cegas ou com Baixa Visão. O dia foi escolhido em homenagem ao nascimento de José Álvares de Azevedo, o professor responsável por trazer o Sistema Braille ao Brasil em 1850. A data representa ainda o motivo da escolha do mês de abril para a Campanha do Abril Marrom, uma Campanha para a prevenção, combate e reabilitação às diversas espécies de cegueira.
O Braille é importante até hoje, mesmo com novas tecnologias como os leitores de tela e conversores de texto em áudio. O Sistema Braille exerce papel essencial para a alfabetização de crianças cegas e é uma ferramenta eficaz de promoção da inclusão. As novas tecnologias não retiram do Braille a sua importância, ao contrário, somam novos recursos e possibilidades à educação e à inclusão de pessoas com deficiência visual.
O sistema Braille
O Braille é um sistema de códigos táteis em alto relevo que representa todas as letras do alfabeto, números, pontuações, códigos aritméticos, etc. O sistema tem seis pontos dividimos em duas colunas com três pontos cada. A combinação desses pontos forma as letras, os números etc. O Braille pode ser impresso em diferentes materiais, desde o tradicional papel, até madeira ou metal.
Quem criou o sistema Braille foi o francês Louis Braille em 1825. Por isso, inicialmente, o sistema foi pensado para o alfabeto latino que é usado no francês, no português, no inglês, etc. Contudo, como o Braille é um sistema de códigos ele é universal e pode ser adaptado para qualquer tipo de alfabeto, como o Russo ou o Chinês.
Louis Braille
Louis Braille nasceu na França em 04 de janeiro de 1809. Seu pai trabalhava com a produção de arreios e selas, e quando Louis tinha três anos ele se acidentou na oficina do pai, ferindo o olho direito, O ferimento levou a uma infecção que provocou a cegueira total em ambos os olhos. Louis Braille foi para a escola normal e com 10 anos recebeu uma bolsa para estudar no Instituto Real de Jovens Cegos de Paris.
Na instituição, Louis Braille teve a oportunidade de conhecer, aos 12 anos, o capitão Charles Barbier que apresentou um sistema de escrita noturna tátil utilizado nos campos de batalha para a comunicação dos soldados quando não havia luz. O sistema tinha 12 pontos distribuídos em linhas e colunas e foi adotado pelo Instituto. Louis Braille entusiasmou-se com a novidade e dedicou-se a aperfeiçoar o sistema. Após dois anos de trabalho, ele lançou uma versão otimizada com apenas 6 pontos representando todas as letras do alfabeto. Após mais um ano de estudo, ele mostrou a representação dos números e código musical.
Os estudantes do Instituto adoraram o Braille, mas o sistema demorou até ser compreendido pelos videntes e chegou até mesmo a ser proibido no Instituto, levando as crianças a prendê-lo sozinhas e escondido. Somente em 1854, dois anos após a morte de Louis Braille o sistema foi aceito pelos professores e passou a ser ensinado oficialmente. O Estado Francês reconheceu a invenção somente em 1952, quando transferiu o corpo de Louis Braille para o Panthéon da nação.
José Álvares de Azevedo
José Álvares de Azevedo nasceu no Rio de Janeiro em 8 de abril de 1834, ele foi o primeiro professor cego no Brasil responsável por trazer o Sistema Braille ao país e considerado o patrono da educação de cegos no Brasil.
José Álvares de Azevedo nasceu cego em uma família abastada. Sua família ficou sabendo do Instituto Real de Jovens Cegos de Paris por um médico amigo e decidiram enviar o filho para a França quando ele tinha 10 anos. José estudou no Instituto até os 16 anos e lá conheceu o Sistema Braille que ainda estava em fase experimental. Ele ficou fascinado com a inovação e, ao retornar ao Brasil, dedicou-se ao ensino do Braille. Seu sonho era criar, no Brasil, uma escola para o ensino de cegos.
Uma de suas aluna foi Adélia Sigaud, uma moça cega e filha do médico da Corte Imperial Dr.Francisco Xavier Sigaud. O médico ficou impressionado ao ver o desenvolvimento de sua filha após aprender o sistema Braille e conseguiu marcar uma audiência para José álvares de Azevedo com o Imperador Dom Pedro II. José Álvares demonstrou o sistema ao Imperador que ficou admirado e apoiou a criação de uma escola para cegos no Brasil.
Essa escola, existe até hoje no Rio de Janeiro, é o Instituto Benjamin Constant, que foi inaugurado em 1854, seis meses após a morte de José Álvares de Azevedo. Ele faleceu aos 20 anos de tuberculose.
A saúde é o bem mais precioso do ser humano, e ela implica no bem-estar físico, psíquico e social. O cuidado com a saúde deve ser constante e precisa acontecer nos pequenos e nos grandes atos cotidianos. A Retina Brasil trabalha em prol da saúde, assim convida a todos para observar como está a sua saúde, a de seus familiares e a de seus amigos.
O Dia Mundial da saúde, comemorado todo dia 07 de abril,é uma data escolhida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação da saúde.Para este ano de 2019, a OMS, agência da ONU, elegeu 10 prioridades
Combate à Poluição do ar e às mudanças climáticas
Combate às doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, câncer e doenças cardiovasculares
Combate à Pandemia de gripe
Atenção aos cenários de fragilidade e de vulnerabilidade, como seca, fome, conflitos e deslocamentos populacionais
Combate à resistência antimicrobiana
Combate ao Ebola
Atenção primária à saúde
Combate à relutância em vacinar
Combate à Dengue
Combate ao HIV
Saúde é tudo. Cuide-se e nunca de lado a saúde dos olhos.
A Campanha Abril Marrom deste ano, 2019, foca no combate ao Glaucoma. O Glaucoma é uma doença ocular que provoca lesão no nervo óptico, levando à perda de Campo Visual e à cegueira. Na maioria das vezes, a doença vem acompanhada de elevada pressão ocular, mas podem ocorrer casos de “baixa pressão”. O Glaucoma afeta cerca de 1 milhão de brasileiros e está entre as maiores causas de cegueira evitável no mundo. A doença pode ser tratada e, quanto mais cedo o paciente receber diagnóstico, orientação e tratamento, melhores são as chances de evitar a perda da visão.
O Abril Marrom deste ano, portanto, pretende conscientizar a sociedade sobre os riscos dessa doença a fim de evitar que mais pessoas percam a visão. Entenda mais sobre o Glaucoma e sensibilize seus amigos e familiares, previna-se, vá ao oftalmologista.
Orientações médicas e grupos de risco
Todas as pessoas, de todas as idades, devem consultar-se com um oftalmologista periodicamente para evitar que o Glaucoma provoque lesões no nervo óptico e gere a perda da visão. Alguns grupos precisam ter ainda mais atenção à doença:
Pessoas acima de 40 anos
Pessoas com histórico familiar de Glaucoma
Pessoas com histórico de alta pressão ocular
Pessoas com Diabetes, Miopia, outras doenças oculares
Pessoas que fazem uso contínuo de esteroides ou corticoides
Todas essas pessoas devem consultar-se com um oftalmologista no mínimo uma vez ao ano.
Cuidados especiais para pacientes com distrofias de retina
Pacientes com distrofias de retina, como a Retinose Pigmentar, têm maior propensão ao desenvolvimento do Glaucoma, assim devem estar atentos e anualmente consultar-se com o médico oftalmologista. Como as pessoas com distrofias de retina já sofrem com a perda da visão é comum negligenciarem a importância da consulta periódica e terem a visão ainda mais afetada por causa do Glaucoma. Portanto, pessoas com distrofias de retina também precisam estar atentas ao Glaucoma.
Causas
O Glaucoma é provocado pelo aumento da pressão ocular que ocorre em razão de um desequilíbrio entre a produção e o escoamento do humor aquoso (um líquido interno do olho) . Isso pode ocorrer por diversos fatores, como, anatomia do olho, fatores hereditários, infecções, uso de medicamentos e outras doenças oculares.
Tipos de Glaucoma
Existem diversos tipos de glaucoma os principais são:
Glaucoma crônico simples ou de ângulo aberto
É tipo mais comum de Glaucoma e corresponde a cerca de 80% dos casos. Ele é causado por uma obstrução do escoamento de um líquido, chamado humor aquoso. O acúmulo desse líquido, no olho, gera aumento da pressão ocular. O Glaucoma crônico atinge pessoas acima de 35 anos e pode ser assintomático, assim, percebe-se a doença quando a visão se torna ‘tubular”, ou seja, quando já há perda visual. Como não há dor o paciente só percebe a perda de visão quando a doença já está avançada. A melhor forma de prevenir é mediante a consulta periódica ao oftalmologista.
Glaucoma de ângulo fechado ou ângulo estreito
Esse tipo de Glaucoma acontece quando o ângulo entre a íris e a córnea é mais estreito do que o normal, dificultando o escoamento do líquido intraocular. Como o líquido não é drenado há aumento súbito da pressão ocular. O Glaucoma de ângulo fechado provoca dores de cabeça, dor nos olhos, náuseas, visão de luzes à noite, e visão turva.
Glaucoma de pressão normal ou de baixa pressão
Nesse tipo de Glaucoma não há elevação da pressão ocular e as causas ainda são desconhecidas.As pessoas mais propensas a desenvolverem esse tipo de Glaucoma são aquelas com histórico familiar da doença, pessoas de origem nipônica e pessoas com doenças cardiovasculares. Novamente, consultar-se com o oftalmologista é fundamental para prevenir.
Glaucoma congênito
O Glaucoma congênito é raro e aparece em bebês. Nesses casos, os recém-nascidos apresentam globos oculares aumentados e córneas embaçadas. O tratamento é cirúrgico.
Glaucoma secundário
O Glaucoma secundário tem várias causas, ele pode ocorrer após cirurgia ocular, catarata avançada, uveítes, diabetes, traumas ou uso de corticoides. A consulta ao oftalmologista é essencial, pois o diagnóstico precoce pode salvar a visão dos pacientes.
Tratamento
O tratamento para o Glaucoma varia de acordo com cada caso. Na maioria das vezes, é simples e envolve o uso de colírios, mas pode ser indicado a realização de cirurgia. O médico oftalmologista é o profissional adequado para diagnosticar e indicar o melhor tratamento para cada paciente.
A Retina Brasil participou, no dia 02 de abril de 2019, da Cerimônia de Abertura do Abril Marrom. O evento aconteceu durante a tarde na Câmara Municipal de São Paulo e teve como proponente o vereador Paulo Frange (PTB) e contou a presença de vários oftalmologistas e autoridades do poder público.
Na cerimônia houve uma homenagem ao querido Dr, Suel Abujamra médico oftalmologista que, na sua jornada, sempre lutou por melhorias na saúde ocular dos brasileiros. Neste ano o tema do Abril Marrom será o Glaucoma, doença que atinge cerca de 1 milhão de pessoas no Brasil.
Abril Marrom é uma Campanha de conscientização social sobre a cegueira.
O que pretende o Abril Marrom?
O Abril Marrom alerta sobre a Prevenção, o Combate e a Reabilitação aos diversos tipos de cegueira. Durante todo o mês, entidades médicas, hospitais, associações de pacientes e órgãos governamentais realizam atividades de conscientização da população sobre os cuidados com a visão. Durante o Abril Marrom, ocorrem ainda mutirões de atendimento oftalmológico e eventos sobre o tema.
A iniciativa é fundamental, já que a maioria dos casos de cegueira é tratável quando diagnosticada precocemente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de 60% a 80% dos casos de cegueira são evitáveis, e só no Brasil, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) , são mais de 6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual. Então, divulgar a ideia do Abril Marrom significa salvar a visão de milhares de pessoas.
Entre as causas mais comuns de cegueira evitável no Brasil estão: a catarata, o glaucoma, a retinopatia diabética, a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e a cegueira infantil. Essas doenças atingem milhares de pessoas e podem ser tratadas com eficácia quando diagnosticadas precocemente. A visita ao oftalmologista deve ocorrer desde a primeira infância e em todas as fases de vida é preciso monitorar a saúde dos olhos. Muitas dessas doenças são silenciosas, não apresentando sintomas nas fases iniciais, detectá-las precocemente previne a perda da visão, por isso é essencial ir ao oftalmologista no mínimo uma vez ao ano.
O Abril Marrom pretende chamar a atenção também para a Reabilitação e inclusão das pessoas com deficiência visual. Além das doenças tratáveis, existem doenças que não têm cura, nem tratamento e que levam a perda da visão de forma progressiva e irreversível. Esse é o caso, por exemplo, das distrofias de retina. Existem inúmeros tipos de distrofias de retina, cada uma com sua particularidades, mas em comum elas têm a origem genética, a raridade e a perda da visão. Pessoas com essas doenças possuem diferentes graus de limitação visual, e elas precisam ser incluídas na sociedade. Todas as pessoas têm direito a uma vida independente e com igualdade de acesso.
A diversidade da cegueira
Uma pessoa com deficiência visual nem sempre é cega. Na verdade, a maioria das pessoas com deficiência visual enxerga um pouco, ou têm Baixa Visão. Portanto, a cegueira é diversa e cada pessoa com limitação visual tem a sua percepção imagética do mundo. Os tipos e níveis de perda da visão podem ser medidos em termos de Acuidade Visual, Campo Visual, percepção de contraste, etc. E, uma pessoa é considerada deficiente visual quando, mesmo com a melhor correção óptica, continua a ter uma visão inferior à considerada normal. Percebe-se que a cegueira não é apenas a perda total de visão ela é diversa, o que significa que cada pessoa com deficiência visual é única.
Como surgiu o Abril Marrom
O abril Marrom surgiu em 2016 a partir da iniciativa do Professor Doutor.Suel Abujamra. O Prof. Dr. Suel Abujamra era médico doutor em oftalmologia e ex-presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Ele foi um profissional exemplar, responsável por avanços na saúde ocular brasileira. Ele foi o idealizador do Abril Marrom e continuar a sua proposta é também honrar e agradecer a sua memória.
Por que Abril?
O mês de abril foi escolhido por ser neste mês comemorado o Dia Nacional do Braille, o dia 8 de abril. A data é o nascimento de José Álvares de Azevedo (08 de abril de 1834) o professor responsável por trazer, em 1850, o alfabeto Braille ao Brasil.
Por que Marrom?
A cor marrom foi a escolhida para a Campanha, por ser a cor de íris mais comum nos olhos dos brasileiros.
Começou o Abril Marrom, o mês para Prevenção, Combate e Reabilitação à Cegueira!
Cuide de sua saúde ocular e apoie a ideia! Entenda sobre as doenças da visão e compartilhe para que todos possam ver melhor!
Todos os anos surgem novas pesquisas que tentam desvendar o uso de células tronco para o tratamento de diversas doenças. Uma das aplicações possíveis seria nas doenças da retina, principalmente as degenerativas, que provocam a total perda da visão.
Esse tipo de tratamento já é considerado o que há de mais moderno na área de oftalmologia, mesmo que ainda faça parte do campo da medicina experimental.
Mas você sabe o que são células-tronco e como elas poderiam ser utilizadas na retina? Continue a leitura e entenda melhor como funciona esse método de terapia.
CÉLULAS-TRONCO O QUE SÃO? QUAIS SUAS AÇÕES TERAPÊUTICAS?
Existem mais de 200 tipos diferentes de células no corpo humano, que variam conforme sua localização, função e origem. Assim, temos células nervosas, ósseas, musculares, epiteliais, glandulares, entre outras. Todas elas são formadas a partir de um grupo especial, as células tronco.
As células-tronco podem formar/ originar qualquer outra célula do organismo, daí a atenção especial que elas recebem em pesquisas sobre regeneração celular. São divididas em dois tipos distintos:
CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS
São as células tronco propriamente ditas, com capacidade de se transformar em qualquer outra por meio da divisão celular. Existem apenas nos primeiros estágios de desenvolvimento do embrião. Ao nascimento, podem restar algumas no cordão umbilical, por isso existe a prática de conservá-lo após o parto.
CÉLULAS-TRONCO SOMÁTICAS
São encontradas em diversos tecidos do corpo, mesmo depois da idade adulta. Diferentemente das células tronco embrionárias, podem se transformar apenas em poucos tipos de células, com capacidade bem limitada. É o caso de células da medula óssea, que se transformam em sanguíneas, por exemplo.
CÉLULAS TRONCO,COMO ELAS PODEM SER USADAS EM DOENÇAS DA RETINA?
O maior conhecimento sobre as funções das células tronco nos últimos anos possibilitou o surgimento de novos tratamentos para as doenças da retina. De modo geral, eles usam duas técnicas diferentes: a terapia regenerativa (reposição celular) e a trófica (resgate funcional).
TERAPIA REGENERATIVA
Consiste na substituição da célula danificada ou morta por uma nova. Esse tipo de terapia é considerado o ideal, pois recupera totalmente a retina. No entanto, só é possível com a utilização de células tronco com alto poder de diferenciação, como é o caso das embrionárias.
TERAPIA TRÓFICA
No resgate funcional, são utilizadas células tronco adultas obtidas da medula óssea, de um dente de leite, do cordão umbilical ou de outra parte do corpo. São células de diferenciação mais difícil, ou seja, possuem capacidade reduzida de se transformar em outras, como as da retina.
No entanto, por diversos fatores, quando inseridas na retina, elas ajudam as células já existentes no tecido a se desenvolverem ou funcionarem melhor, com maior possibilidade de sobrevivência. Por isso, a terapia é chamada de resgate funcional.
É a técnica mais usada atualmente, devido à maior facilidade de se encontrarem células tronco adultas. Ela já é utilizada há mais de 40 anos para o tratamento de doenças hematológicas, como a leucemia.
Na retina, além da disponibilidade, a grande vantagem é que as células não são rejeitadas pelo organismo nem formam tumores, uma das grandes dificuldades no sucesso da terapia regenerativa. Ou seja, é uma técnica bastante segura e reconhecida pela comunidade médica.
O QUE DIZ A CIÊNCIA SOBRE ESSE TIPO DE TRATAMENTO?
Mesmo com os bons resultados obtidos até agora com o uso de células-tronco no tratamento de doenças da retina, ainda há muito o que investigar. Por isso, o assunto é o foco de inúmeras pesquisas, que têm apresentado resultados promissores até agora. Todos elas buscam aumentar a eficácia na recuperação da visão, sobretudo com o uso de células embrionárias.
Em 2011, a empresa norte-americana Ocata Therapeutics realizou o primeiro teste clínico com o uso de células tronco embrionárias oculares humanas. No estudo, foram utilizadas células do epitélio pigmentado da retina, geradas em laboratório a partir das embrionárias.
Dessa forma, eles usaram uma célula já diferenciada, que não possui risco de formação de tumor, como quando se injeta a célula embrionária diretamente na retina. Os participantes do estudo tinham a doença de Stargardt que degenera a mácula em pessoas jovens. Os pacientes conseguiram uma boa recuperação da visão de modo geral.
Outros estudos também têm obtido bons resultados com células tronco embrionárias, inclusive no Brasil. No entanto, a maioria dos tratamentos resultantes apenas funciona em caráter experimental.
Nesses casos, eles ainda não foram aprovados por órgãos governamentais. Como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou pelos órgãos de classe responsáveis.
Os pacientes também podem optar por participar de estudos clínicos. Uma das últimas etapas no processo de aprovação de um medicamento ou procedimento médico.
Nessas situações, é preciso se certificar de que eles são feitos por instituições respeitáveis, como universidades, e profissionais de confiança. É necessário conferir se o estudo é registrado, assinar documentos de responsabilidade e adotar outros procedimentos legais.
A Academia Brasileira de Oftalmologia defende que as pesquisas com células tronco oferecem resultados promissores. Para ela, esse tipo de terapia pode devolver a visão a muitas pessoas com doenças da retina, da córnea e glaucoma, em um futuro próximo.
Entretanto, acredita-se que ainda seja cedo para falar na efetividade dos tratamentos aplicados na oftalmologia.
Em um comunicado publicado em 2014, o presidente da instituição na época, Rubens Belfort Jr., afirmou que não se deve criar expectativas erradas nos pacientes. Por isso, cobrou uma atitude responsável dos médicos em relação à ética e na aplicação de terapias não comprovadas.
De qualquer forma, todos os estudos com células tronco dão boas esperanças na recuperação parcial ou total da visão de pacientes com doenças da retina. Enquanto a ciência não fornece soluções praticáveis, há de se procurar alternativas de tratamento viáveis e comprovados, com a segurança adequada para os pacientes.
Recentemente, a Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo e o Conselho Brasileiro de Oftalmologia emitiram um parecer sobre o tema, clique aqui para baixar o material.
Formado em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e doutorado em Oftalmologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo.
Especialista em doenças da retina e vítreo pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Professor de Oftalmologia da Universidade Federal do Pará.