A Primeira máquina de cartão acessível do mundo recebeu o Selo ONC

A Primeira máquina de cartão acessível do mundo recebeu o Selo ONCB de Inclusão e Acessibilidade (SOINA) no último dia 3 de junho, em evento no auditório do Centro de Treinamento Paralímpico.

O certificado, que assegura a interação e a utilização de equipamentos com autonomia e segurança para pessoas cegas e com baixa visão em transações comerciais, foi entregue ao gerente da unidade de negócios da Perto S.A, Diego Silva. A empresa desenvolveu, em parceria com a ONCB, uma máquina de cartão sofisticada com teclado físico, alto-falante e saídas para fone de ouvido, que permite a interação tátil e a verbalização das informações exibidas na tela para o usuário.

O Selo de Inclusão e Acessibilidade da ONCB, que é uma importante ferramenta de avaliação e certificação de acessibilidade de equipamentos, produtos e serviços, surgiu como o objetivo de garantir o cumprimento dos direitos previstos na Lei Brasileira de Inclusão, no Código de Defesa do Consumidor e na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), oferecendo às pessoas cegas e com baixa visão mais inclusão social, além da privacidade e a independência para a realização de quaisquer atividades do dia a dia.

Descrição da Imagem: O card traz uma foto de 3 homens brancos de terno e máscara. O ultimo deles, que usa óculos escuros mostra a máquina de cartão acessível com orgulho. Abaixo, sob um fundo verde escuro, segue o enunciado do post e o logo da Retina Brasil. Fim da descrição.

#MaquinadeCartaoAcessivel #RetinaBrasil #SelodeInclusaoeAcessibilidade #ONCB #SOINA

Ferramentas do app Kindle auxiliam a leitura de pessoas com Baixa Visão

imagem da logo do aplicativo do Kindle. Está escrito: "Ferramentas do app Kindle auxiliam a leitura de pessoas com Baixa Visão" #tecnologiaassistiva e há a logo da Retina Brasil

Ler pode ser um desafio para pessoas com doenças da retina que têm baixa visão, principalmente para aquelas que têm perda da visão central. Isso acontece, porque a perda da visão central significa a perda da visão de detalhes que é a visão utilizada na leitura. Portanto, para que as pessoas com baixa visão consigam ler com tranquilidade é preciso fazer adaptações, como aumentar o tamanho das letras e melhorar o contraste. Felizmente hoje em dia existem muitos recursos para auxiliar as pessoas com baixa visão nessa atividade tão essencial e prazerosa. Uma forma interessante para facilitar a leitura está no uso do aplicativo do Kindle com as adequadas configurações.

O que é o Kindle e o que é o aplicativo Kindle

Kindle é um leitor de livros digitais desenvolvido pela subsidiária da Amazon, a Lab126, que permite aos usuários comprar, baixar, pesquisar e, principalmente, ler livros digitais, jornais, revistas, e outras mídias digitais. Existe o dispositivo do Kindle em vários tamanhos e versões e o aplicativo do Kindle que pode ser baixado gratuitamente para smartphones e tablets, tanto para Android quanto para iOS.

Como o Kindle pode auxiliar a leitura de pessoas com baixa visão

As pessoas com baixa visão podem se beneficiar do sistema, pois existem diversas configurações personalizáveis. Ao acessar o aplicativo e abrir um documento, ou livro o usuário pode definir a cor do fundo, o tipo de letra, o tamanho da letra, a intensidade do brilho e a forma como o texto será exibido na tela (de forma única, em colunas, etc.). Tudo isso é de fácil alcance e está na barra superior do app. Existem várias opções de cores para o fundo e pelo aplicativo em um tablet a letra pode ficar realmente grande. Além dessas configurações, o app é acessível com leitores de tela e permite fazer marcações, grifar e partes de interesse, procurar significado e tradução de palavras e expressões. É possível fazer o upload de documentos para o sistema e comprar livros digitais diretamente na loja da Amazon. O aplicativo mostra ainda a porcentagem de leitura já feita. Para saber como enviar arquivos e criar uma conta visite o site da empresa.

Baixe o aplicativo na Google Play: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.amazon.kindle 

Baixe o aplicativo na Apple Store: https://apps.apple.com/br/app/kindle/id302584613 

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Apps para pessoas com deficiência visual: Seeing AI

foto de uma mão segurando um smartphone com a logo do aplicativo Seeing AI em destaque. Está escrito: "Apps para pessoas com deficiência visual: Seeing AI" #tecnologiaassistiva e há a logo da Retina Brasil

Os aplicativos para smartphones podem ajudar bastante o dia-a-dia das pessoas com deficiência visual, cegas ou com baixa visão. Um desses aplicativos super versátil é o Seeing AI. O Seeing AÍ é um aplicativo de inteligência artificial desenvolvido pela Microsoft para iOS. O app usa a câmera do celular para identificar pessoas, objetos, dinheiro, cenas, produtos, manuscritos, documentos, cores e iluminação. Em seguida, o aplicativo descreve com voz o que foi identificado. Ele é super fácil de usar, é gratuito e está disponível em diversos idiomas. A vantagem do Seeing AÍ é a praticidade, pois ele reúne funções de diversos apps em um único lugar. Além disso, o sistema de inteligência artificial está em constante melhoria, oferecendo mais agilidade e eficiência na identificação. 

O que o aplicativo identifica:

  • Textos manuscritos
  • Documentos
  • Produtos, pelo código de barras
  • Pessoas, identifica a distância que a pessoa está e faz uma descrição inclusive com indicação de expressão fácil e idade.
  • Dinheiro, identifica o valor da cédula de dinheiro de algumas moedas, inclusive o real.
  • Cenas, descreve o ambiente ao redor
  • Cores
  • Iluminação, com um bip que varia de intensidade identifica o quanto o ambiente está iluminado

Baixe o aplicativo na Apple Store: https://apps.apple.com/br/app/seeing-ai/id999062298 

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Apps para pessoas com deficiência visual: Be my Eyes

Imagem de uma mão segurando um smartphone com o app Be my Eyes aberto. Está escrito: "Apps para pessoas com deficiência visual: Be my Eyes" #tecnologiaassistiva e há a logo da Retina Brasil

Os aplicativos para smartphones podem ajudar bastante o dia-a-dia das pessoas com deficiência visual, cegas ou com baixa visão. Um desses aplicativos já bem conhecidos é o Be My Eyes, ou em portugues Seja Meus Olhos. Esse app é super interessante e cresceu significativamente desde que foi lançado. Ele funciona como um intermediário, conectando uma pessoa com deficiência visual a uma pessoa sem deficiência visual.

 

O app é um sistema de conexão, que utiliza a câmera traseira do celular para fazer a identificação visual do ambiente. A pessoas com deficiência visual, cegas ou com baixa visão,  conseguem pelo app pedir a ajuda de um voluntário para a realização de alguma tarefa. O voluntário irá atender a chamada feita pelo aplicativo e por conversa e pela imagem da câmera traseira a ajuda é oferecida. Após receber a ajuda, a pessoa com deficiência visual pode fazer uma avaliação do voluntário.

O Be my Eyes é um aplicativo gratuito e está disponível para Android e iOS.

Baixe o aplicativo na Google Play: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.bemyeyes.bemyeyes&hl=pt_BR&gl=US 

Baixe o aplicativo na Apple Store: https://apps.apple.com/br/app/be-my-eyes-helping-blind-see/id905177575 

Veja os vídeos para ver como configurar e saber mais:

 

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15 de Outubro Dia Mundial da Bengala Branca 2021

foto de uma bengala branca dobrada. Está escrito: " 15 de Outubro Dia Mundial da Bengala Branca 2021" e há as logos da Retina Brasil e da Novartis

O dia 15 de Outubro foi escolhido para ser o Dia de Conscientização sobre a Bengala Branca e a deficiência visual. A data foi estabelecida em 1970 pela Federação Internacional dos Cegos (Atual União Internacional dos Cegos). Hoje, o Dia é celebrado em todo o mundo, e aparece como uma oportunidade para falar sobre a mobilidade, a autonomia, a inclusão e o reconhecimento das pessoas cegas e com Baixa Visão.

A Bengala é o instrumento de mobilidade de quem tem alguma limitação visual. Ela oferece ao seu usuário uma caminhada segura e independente. Dessa forma, a Bengala rompe com o medo de sair às ruas, tão comum às pessoas com deficiência visual, levando, portanto, liberdade a essas pessoas. O uso da Bengala, assim, representa a expressão mais básica de um direito universal: o direito de ir e vir.

No Brasil e em alguns países da América Latina, tornou-se conhecido o uso das Bengalas Branca, Verde e Branca e Vermelha (ou Branca com uma indicação Vermelha). Essas diferenças de cores apareceram para identificar os seguintes grupos de pessoas: pessoas cegas (Bengala Branca), pessoas com Baixa Visao (Bengala Verde) e pessoas com perda visual e perda auditiva (Bengala Branca e Vermelha). A diferenciação das cores da Bengala não visa segregar esses grupos, ao contrário, pretende criar um símbolo de reconhecimento entre si e para a sociedade

É fundamental que as pessoas com deficiência visual tenham acesso à reabilitação e à orientação e mobilidade, curso que ensina o uso correto e seguro da bengala.

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Reabilitação Visual: a experiência da Fundação Dorina Nowill Live no mês da retina

imagem tem fundo em tons rosa, amarelo, verde e azul. Estão escritas as informações sobre a live, há uma foto de cada um dos participantes e as logos da Retina Brasil e do Dia Mundial da Retina 2021.

Em setembro acontece o Dia Mundial da Retina e para marcar essa data tão importante para as pessoas com doenças da retina a Retina Brasil realiza a live – Reabilitação Visual: a experiência da Fundação Dorina Nowill

Com:
Eliana Cunha
Especialista em Baixa Visão e Coordenadora da Área de Educação Inclusiva da Fundação Dorina Nowill para Cegos
Maria Julia Araújo, presidente da Retina Brasil
Maria Antonieta Leopoldi, vice-presidente da Retina Brasil

👉 1º de setembro de 2021. quarta-feira às 19h

👉 Youtube da Retina Brasil

Fire Tv + Alexa facilitam o lazer das pessoas com deficiência visual

foto de uma sala de estar com destaque para o controle remoto da Fire Tv. Está escrito: "Fire Tv + Alexa facilitam o lazer das pessoas com deficiência visual" #tecnologiaassistiva e há a logo da Retina Brasil

Assistir televisão é uma boa forma de relaxar e se divertir. Atualmente a TV não serve apenas para assistir aos canais tradicionais, elas são um meio para acessar a internet, os serviços de streaming e diversas redes sociais. No entanto, nem todas as televisões são acessíveis às pessoas com deficiência visual, a maioria delas não tem leitor de tela, o que impossibilita o uso autônomo e independente pelas pessoas cegas ou com baixa visão. Uma forma de resolver essa falta de acessibilidade é conectar o dispositivo Fire Tv à televisão. Como bônus ainda é possível conectar tudo isso à Alexa e passar a usar a TV com comandos de voz.

O que é Fire TV e Alexa?

Amazon Fire TV é um dispositivo da Amazon que permite a conexão da televisão ao universo da internet, tornando a televisão smart. É um dispositivo pequeno similar ao Chromecast e tem várias versões, a mais recente tem inclusive suporte à resolução 4K. A Fire TV vem com um controle remoto e permite a conexão com a Alexa.
A Alexa é a assistente virtual da Amazon que pode ser usada pelo celular, por meio do aplicativo Alexa ou mediante um aparelho chamado Echo Dot. O Echo Dot tem vários tamanhos e versões e é um aparelho que o usuário adquire e coloca em sua casa, tomando-a também smart. Veja mais sobre casas inteligentes nessa live, clique aqui.

Como funciona na prática

Na prática, o usuário deve comprar uma Fire TV e conectá-la a sua televisão, além disso é necessário ter conexão com a Alexa, pode-se usar pelo aplicativo no celular, ou pelo Echo Dot. Após conectar a Fire TV à televisão e em seguida à Alexa tudo fica bem simples. Basta ligar a TV e pedir para a Alexa ligar a Fire TV ” Alexa ligar Fire TV”. Em seguida basta que o usuário diga o que deseja assistir, por exemplo: “Alexa, abra YouTube em Fire TV”, ou “_ Alexa abra nome do filme em Netflix”, “_ Alexa abra episódio X de nome da série em Prime Vídeo, “_ Alexa aumentar volume de Fire TV” e assim por diante.

Além dos comandos por voz, a Fire TV tem recursos de acessibilidade, como aumentar tamanho das letras e legendas, alto contraste e leitor de tela. Portanto, mesmo sem ter uma Alexa em casa e mesmo sem dar comando por voz o dispositivo tem potencial para tornar o ato de assistir TV mais acessível, autônomo e independente.

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Aphont a fonte criada para pessoas com Baixa Visão

imagem com fundo de tema tecnológico e em destaque está escrito APhont. Está escrito ainda: "Aphont a fonte criada para pessoas com Baixa Visão" #tecnologiaassistiva e há a logo da Retina Brasil.

Pessoas com deficiência visual e com baixa visão costumam ter dificuldade para ler textos a depender do tamanho das letras, do contraste e da fonte utilizada. Quando as fontes são rebuscadas, finas, ou grossas demais as pessoas precisam de tempo para decifrar as letras, comprometendo o fluxo da leitura. Fontes mais claras com diferença entre os caracteres facilitam a leitura das pessoas com perda de visão. As opções mais populares e conhecidas de fontes consideradas acessíveis são: Arial, Helvetica e Tahoma. Além dessas fontes tradicionais, existe uma outra chamada APhont que foi criada para as pessoas com baixa visão.

APhont

A APhont foi projetada especificamente para usuários com baixa visão. Ela foi criada, em 2003, pela American Printinghouse for the Blind, é pensada para ser lido de forma rápida e clara em qualquer tamanho ou peso de fonte, com caudas mais longas nas letras Q, G, J e Y. Essa é uma opção excelente para as pessoas com doenças da retina terem mais conforto durante a leitura. Para usar essa fonte em seu computador é preciso fazer o download e em seguida instalá-la.

Como baixar e instalar a APhont

A fonte é gratuita, para baixar o arquivo clique aqui.
Link para download da APhont: https://www.maisfontes.com/aphont
Após fazer o download do arquivo para instalar a fonte é bem simples. Vá a pasta na qual o arquivo da fonte está, abra os arquivos e clique em cada arquivo com o botão direito do mouse, em seguida clique em instalar. Após fazer isso feche os programas abertos e reinicie o computador. Depois desses passos você já poderá usar a APhont em seus programas de edição de texto e imagem.

A Retina Brasil utiliza a APhont nos textos de suas imagens.

American Printinghouse for the Blind
https://www.aph.org/

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Abril Marrom entenda a Importância da reabilitação

imagem de fundo marrom, logo do abril marrom e da retina brasil. Es´tá escrito: "Abril marrom entenda a emportânica da reabilitação"

Abril Marrom é o mês da conscientização da saúde ocular. Entre os diversos temas relacionados ao Abril Marrom encontra-se a reabilitação. A reabilitação é indispensável para as pessoas com deficiência visual. A reabilitação pode e deve ser feita em qualquer idade e sempre de acordo com as necessidades individuais. Os impactos da não reabilitação são vastos, tanto do ponto de vista pessoal, quanto do coletivo, ou social. As pessoas cegas ou com baixa visão que não passam pela reabilitação podem ter sua autonomia prejudicada, afetando toda a sociedade.

Diferença entre habilitação e reabilitação

A habilitação se refere à aquisição de uma habilidade para realizar uma determinada função por um indivíduo que ainda não desenvolveu nenhuma forma de realizar essa tarefa específica. Já a reabilitação, é o processo de criar uma nova habilidade para realizar determinada tarefa que o indivíduo já tenha familiaridade anterior, mas que em função de alguma limitação adquirida precisa encontrar novas formas para realizá-la. Por exemplo, uma criança com baixa visão será habilitada a ler com lupas durante sua escolarização, essa criança não aprendeu outra forma de ler a não ler com lupas, por isso esse é o processo de habilitação. Por outro lado, uma pessoa adulta que perdeu a visão e começa a enfrentar dificuldades para a leitura precisará da reabilitação para aprender a ler com lupas. Essa pessoa adulta aprendeu a ler sem lupas, mas em função da perda visual precisa se reabilitar no processo de leitura.

Habilitação e reabilitação na infância

Na infância a habilitação é muito importante para o completo desenvolvimento das crianças. É preciso promover uma organização do uso de todos os sentidos para que o desenvolvimento possa ocorrer de forma satisfatória. Entre os focos da reabilitação infantil estão a estimulação precoce, a inclusão escolar e o uso efetivo da visão residual. Esse é um processo multidisciplinar que deve considerar as necessidades individuais e agregar a família, a comunidade e a escola.

Assista à live Abril Marrom: a importância da REABILITAÇÃO, com Eliana Cunha, especialista em Baixa Visão e Coordenadora da Área de Educação Inclusiva da Fundação Dorina Nowill para Cegos e Luiz Henrique Sanches. pessoa com Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI).

Reabilitação na fase adulta

Na vida adulta, a reabilitação deve em primeiro lugar entender as necessidades do indivíduo. Segundo a OMS, cerca de 30% das pessoas com deficiência visual apresentam uma perda leve ou moderada da visão. Isso significa que a reabilitação será direcionada para cada necessidade, variando de um processo mais simples e rápido, até um processo complexo, multidisciplinar e longo. Nessa fase de vida é importante considerar durante a reabilitação a empregabilidade e capacitação para equiparar o desempenho da pessoa com deficiência visual ao desempenho de uma pessoa sem limitação visual.

Reabilitação para idosos

Para a população com mais de 60 anos o principal papel da reabilitação será resgatar atividades e promover qualidade de vida. Nessa fase é importante avaliar quais outras limitações a pessoa possa ter e assim oferecer um acompanhamento multidisciplinar. O profissional da reabilitação deve apresentar as possibilidades e os recursos para o idoso, ou a idosa e, assim, juntamente com o indivíduo, traçar objetivos factíveis. Durante o processo deve-se sempre considerar os interesses pessoai, buscando a conquista da independência.

Em resumo, o papel da reabilitação é promover o desenvolvimento do indivíduo, resgatar atividades e promover qualidade de vida. Tudo isso feito de forma individualizada considerando as necessidades de cada pessoa em cada momento da vida.

Uma conversa com… Alex Pepper, Diretor de Parcerias da Thomas Pocklington Trust

imagem de fundo azul claro com uma mão robótica segurando um globo terrestre. Está escrito "Retina Brasil traduz" e há a logo da Retina Brasil.

Essa entrevista foi realizada pela Retina Internacional e traduzida pela equipe da Retina Brasil.

Acesse o texto original: https://www.retina-international.org/in-conversation-with-alex-pepper-head-of-patient-partnerships-at-thomas-pocklington-trust/ 

Uma conversa com … Alex Pepper, Diretor de Parcerias da Thomas Pocklington Trust

Fiona Waters, responsável pelo departamento de Envolvimento Comunitário e Divulgação da Retina Internacional, entrevistou Alex Pepper – Diretor de Parcerias da Thomas Pocklington Trust, e defensor de pacientes cegos ou com baixa visão.

Alex nasceu com retinoblastoma bilateral, uma condição com tumores cancerígenos na parte de trás de ambos os olhos. A doença era mais avançada no olho direito, então aos quatorze meses de idade, quando foi diagnosticado, ele imediatamente teve seu olho direito removido. Ele foi tratado com radioterapia e tratamento a laser no olho esquerdo, o que lhe permitiu manter um nível de visão razoável enquanto crescia. Em 2016, aos 25 anos, Alex passou pelo o que chama de “segunda jornada de perda de visão”, quando em decorrência de uma recorrência do retinoblastoma, uma catarata e três descolamentos de retina em seu olho restante resultou na perda de quase toda a visão remanescente. 

Atualmente, Alex é o Diretor de Parcerias na Thomas Pocklington Trust no Reino Unido. A Thomas Pocklington Trust apóia aqueles que são cegos ou com baixa visão no Reino Unido por meio de seu foco no emprego, educação e engajamento. Eles também apóiam o setor por meio de doações, tentando construir um campo de caridade mais colaborativo e sustentável para pessoas que vivem com perda de visão.

Fiona: Oi Alex! Você poderia compartilhar um pouco sobre sua jornada e o que o conduziu a seu papel como defensor de quem vive com baixa visão?

Alex: Na verdade, é uma boa pergunta, porque realmente essa “jornada da segunda perda de visão”, como eu a chamo, de 2016 em diante, foi um ajuste enorme para mim. Eu de fato tive que aprender a fazer tudo de novo. Certamente enquanto me tornava um adulto no final da adolescência, início dos vinte anos, eu estava começando a aceitar minha perda de visão … que era uma parte de mim, e não ia embora. 

Eu passei minha vida inteira tentando esconder minha perda de visão de todos; colegas, amigos, namoradas em potencial, namoradas que eu realmente tive, pelo máximo de tempo que eu pudesse fingir que eu poderia ver mais do que realmente via. Então, quando entrei naquela jornada de perder tudo e começar de novo, e na verdade apenas um processo lento de aceitar quem eu sou, percebi que estava me segurando de várias maneiras antes tentando ser quem eu não sou, e então passei a aceitar que não há nada de errado em ser cego, e isso meio que me colocou no caminho de querer compartilhar essa mensagem com os outros. 

Fiona: Quais foram alguns dos principais suportes para você?

Alex: Eu sou uma pessoa que sempre vai atrás de recursos, então sempre corri  muito atrás, fazendo minha própria pesquisa e experimentando coisas. Um exemplo foi mudar do uso de uma lupa para um software leitor de tela no meu iPhone. 

Eu acredito que o momento-chave, ou catalisador, que me moveu foi quando entrei em contato com minha autoridade local e comecei minha jornada de apoio à reabilitação. Eu aprendi a fazer coisas básicas como cozinhar e fazer chá – eu sou um bom cozinheiro, então isso foi importante para mim. Aprender a usar a bengala, ou, antes disso, aceitar que eu tinha que usar a bengala, me fez construir minha habilidade e experiência com ela. Era importante para mim sair de casa, principalmente se eu quisesse morar sozinho, o que era algo que eu realmente gostava de fazer antes de perder minha visão restante. Da minha primeira reabilitação em maio / junho de 2016, até dezembro, passei de não sair de casa durante alguns meses (a menos que estivesse com alguém me guiando)… para realmente andar por Londres independentemente, usando trens e ônibus para começar um novo trabalho.

Voltar ao trabalho realmente ajudou a aumentar minha confiança e motivação, e simplesmente sentir que tinha uma rotina diária e um propósito. Eu e minha então namorada, que agora é minha esposa, decidimos comprar nossa casa própria naquele ano – isso já era um objetivo nosso. Eu não conseguia controlar que havia perdido minha visão… então em minha mente eu pensei “Eu ainda posso controlar seguir aquele objetivo que eu tinha em mente de qualquer maneira”.

Eu acredito muito no poder do suporte mútuo. É quase mais poderoso do que qualquer outro serviço que você possa fazer. Falar com alguém que viveu uma experiência semelhante à sua faz toda a diferença.

Fiona: Seus objetivos pessoais mudaram muito quando você teve sua segunda jornada de perda da visão?

Alex: Acredito que no curto prazo, não.

Meus objetivos sempre foram comprar uma casa, casar e ter filhos. Eu acho que o que mudou é a forma como aprecio as coisas e saber o que é importante. Certamente mudou minha forma de pensar, mais do que meus objetivos.

Já no sentido de, como eu disse, aceitar minha perda de visão, não estou mais preocupado em esconder isso. Estou mais disposto e confiante para aproveitar novas oportunidades, ir para novos lugares. Eu só iria a lugares, seja para baladas ou qualquer novo lugar, com pessoas que eu conhecia e me sentia confortável, sejam colegas, amigos antigos, amigos íntimos, família. Já agora, eu vou a qualquer lugar. Você sabe que se eu precisar fazer algo sozinho, nos Estados Unidos, eu vou.

 

Fiona: Houve algum motivo específico pelo qual você sentiu necessidade de esconder a perda de visão no início?

Alex: Parte disso foi provavelmente arrogância. A ideia de que não é muito masculino, de que é imaturo ou vulnerável perguntar “você poderia me ajudar?”. Eu sei agora que não há nada de errado em pedir ajuda. Mas naquela época eu costumava ver isso como uma fraqueza. Qualquer coisa que meus amigos com visão total fizessem, eu faria também para tentar e provar, para mim mesmo mais do que para eles, que não me importava. Eu pensei que se eu pedisse ajuda, isso iria contra tudo em que eu acredito, ou quero acreditar. Então, definitivamente, havia um pouco de negação aí!

Vou te dar um exemplo:

A estação Victoria em Londres, uma estação muito movimentada, tem cerca de 20 plataformas. Nunca consegui ler as placas. Eu teria que usar meu telefone para ler.

Eu sabia que na estação que eu ia, todas as plataformas 15 a 18 do trem parariam naquela estação em algum ponto. Então o que eu fazia era apenas caminhar em direção aos corredores, e qualquer que fosse a fila de pessoas que parecia estar com mais pressa, eu presumia que esse era o próximo trem a partir, e você sabe o quê? Funcionou, sempre acertei.

Ao passo que agora, se eu vou para Victoria, encontro alguém na estação, essa pessoa me guia pelo subterrâneo, me leva até a próxima pessoa e então essa pessoa me guia até o assento no trem. E eu gosto disso, posso ter uma conversa, conhecê-los. Nas estações que sempre vou, todos me conhecem pelo nome.

Só penso: por que me preocupei tanto, todos esses anos, quando poderia simplesmente ter pedido ajuda? Quando eu poderia apenas perguntar, “qual trem é o próximo a partir, por favor?”.

Minha esposa atual era amiga da minha irmã há anos, me conhecia e sabia que eu tinha problemas com minha visão, mas não sabia muito. Depois de alguns encontros, eu ainda não tinha falado sobre isso, o assunto não tinha surgido. Então, se eu reservasse um restaurante, eu entrava no site, revisava o cardápio e, quando fôssemos, fingia que lia o menu. Foi realmente estúpido quando eu contei a ela alguns meses depois, e ela ficou realmente ofendida, perguntando-se “por que você simplesmente não me perguntou?” Mas esse é o tipo de situação que acontecia.

Outro momento importante de virada para mim foi deixar de ser um usuário de bengala para ter um cão-guia. Suponho que esse foi o passo final para ser o mais independente que jamais serei. Aquele foi um momento de epifania para mim – foi incrível, porque pude dar a volta no quarteirão, com meu treinador seguindo de perto… mas também foi emocionante, porque percebi que isso é o melhor que pode ser. Não foi o fim da estrada, mas foi o fim da estrada em termos de nível de independência.

Fiona: Quais são, na sua opinião, os maiores obstáculos ou barreiras para o bem-estar e inclusão das pessoas que vivem com perda visual e como podemos abordá-los?

Alex: Falta de conscientização. As coisas simples podem ser as mais frustrantes, com as pessoas fazendo suposições porque não têm conhecimento. E isso parece ser uma coisa geracional – anos atrás, pessoas cegas viviam certo tipo de vida, só podiam fazer certos tipos de trabalhos. Isso está mudando, principalmente por causa da tecnologia… mas também devido ao entendimento geral. 

Também quando se trata de procurar trabalho… você sabe que as pessoas que estão entrevistando alguém que é cego estão se perguntando como vão conseguir fazer x, y e z, achando que pode ser impossível, porque não conhecem muito sobre isso e têm medo de perguntar. Eu acho que é um fator também o medo de fazer perguntas simples, como “como você faria isso?” ou “como podemos ajudá-lo?”. Acho que as pessoas estão muito preocupadas com a burocracia ou têm medo de ter problemas com isso.

Fiona: O que você diria ao público nesses casos?

Alex: Basta perguntar. Está tudo bem, não tem problema. Não vou desabar e chorar porque você me perguntou se eu precisava de ajuda.

No entanto, existe um equilíbrio entre perguntar e as pessoas com deficiência visual estarem dispostas a falar. Eu encontrei muitas pessoas que estavam frustradas e diziam “poxa, eles deveriam saber!” mas eu digo que, se não contarmos a eles, eles nunca saberão, então não adianta ficar com raiva.

Fiona: Se você pudesse dar apenas um conselho a um Alex mais jovem, qual seria?

Alex: Aceitar. Quando digo mais jovem, estou pensando antes de perder toda a minha visão. Aceite sua deficiência visual. Está bem. Está tudo bem não ser capaz de fazer tudo. 

Se eu pudesse dar um segundo conselho, seria vá em busca de apoio. Eu não conhecia nenhum cego ou alguém com baixa visão antes de 2016. Eu havia obtido informações, mas não me envolvia com a comunidade de deficientes visuais. Provavelmente porque estava tentando viver aquela vida “normal” como meus amigos e a sociedade. Se eu tivesse examinado as coisas um pouco mais, poderia saber um pouco mais sobre o acesso ao trabalho, a ajuda para conseguir empregos e o apoio que estava lá.

Fiona: Você recentemente se tornou pai! Como foi a jornada para se tornar pai enquanto vivia com uma deficiência visual?

Alex: Bem, eu sempre quis ter filhos, isso eu posso dizer de cara. Quando perdi o que restava da visão, tive aquele medo de “ainda posso ser pai?”. Nunca houve uma questão de saber se ainda era algo que eu queria, mas sim de que caminho seguir.

Uma opção era o aconselhamento genético, que foi o que acabamos buscando. É onde eles tentam identificar o gene mutado que causa a condição que eu tenho, o gene RB1, e então eles criam embriões e procuram por embriões que não têm esse gene. Depois disso, é apenas mais como  FIV (fertilização in vitro).

O outro caminho é não fazer nada. No meu caso, havia uma chance de 50:50, e quando o bebê nasce, se ele tem a mutação, ele é tratado com quimioterapia ou radioterapia. 

Depois, há a opção de fazer o teste na 12ª semana de gestação, ver se o embrião tem a mutação e então decidir pela interrupção da gravidez.

Portanto, três opções muito diferentes, mas igualmente difíceis. Então esse foi o principal ponto de decisão para nós.

Depois que engravidamos, houve o medo de como seria para mim. Acho que, para ser honesto, pensando bem, pode ter havido mais medo por parte da minha esposa do que por mim; “Como será isso, ele vai ser capaz de fazer isso, ele vai ficar bem?”. Porém quando o bebê nasceu, não foi tão difícil quanto eu pensava. 

Tenho mais medo do futuro, quando for muito difícil ou quase impossível dizer “certo filho, eu e você, vamos ao parque jogar futebol e ter o dia dos meninos” e poder fazer isso de forma independente e com segurança. Isso é a coisa mais difícil para mim no momento. Não é fácil, mas qualquer coisa que valha alguma coisa na vida vai ser difícil, quer você tenha visão ou não.

Fiona: Qual é a sua visão de mundo, daqui a 10 anos, para quem vive com deficiência visual?

Alex: No final das contas, quero que haja mais soluções para as pessoas recuperarem a visão. Meu primo tem coroideremia, e há alguns anos participou de uma pesquisa pioneira que não só impediu a perda de visão, pois ele estava ficando cego muito rápido, mas também recuperou um pouco da visão em um dos olhos. Eu adoraria ver mais disso, e suponho que o olho biônico, esse é o maior sonho… e certamente ainda é meu sonho pessoal.

Mas antes disso, e teria que acontecer tão bem como o que citei anteriormente, teria que haver um caminho claro e direto, ou uma transição suave entre o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação, e para isso acontecer deveríamos ter os recursos adequados.

Acesso o site da Thomas Pocklington Trust: https://www.pocklington-trust.org.uk/