RESUMO DO
ENCONTRO MUNDIAL DE ASSISTÊNCIA AO ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E À VISÃO
17,18 DE ABRIL 2013 | BARCELONA
A Reunião Mundial de Assistência ao Envelhecimento Populacional e à Visão proporcionou o encontro de líderes acadêmicos e prestadores de assistência dos setores de visão e envelhecimento populacional de 12 países, com o objetivo de repensar, remodelar e reinventar o século XXI, para que seja uma época em que envelhecer com perda de visão não seja aceito como inevitável ou habitual.
Nesse encontro inédito, os delegados elegeram assuntos para melhor compreenderem a relação entre envelhecimento populacional e saúde visual. Ao adquirirem novos conhecimentos, eles reestruturaram, de comum acordo, os assuntos selecionados sobre envelhecimento populacional e visão, de modo que os estudos fossem realizados também à luz da urgência econômica e fiscal, criando um percurso de assistência mundial dirigida e esforços de conscientização.
SUMÁRIO EXECUTIVO
OS DESAFIOS E CUSTOS
Com aproximadamente 285 milhões de pessoas visualmente deficientes e mais de 39 milhões de pessoas reconhecidamente cegas, a perda de visão é uma das maiores e menos compreendidas causas de incapacidade a nível mundial. Por incrível que pareça, 80 por cento de todos os casos de perda de visão são evitáveis.
Os motivos de perda de visão são muitos e incluem doenças graves, tais como: degeneração macular, glaucoma e retinopatia diabética, em conjunto com outros distúrbios como erro refrativo e catarata.
Muitas doenças e distúrbios da visão, assim como os desafios que os acompanham, são mais encontrados entre idosos e, além dos custos diretos com serviços de saúde, eles apresentam obstáculos à produtividade, obstruindo assim a oportunidade de maximizar o potencial de crescimento econômico da população mundial que envelhece.
Uma das doenças mais comuns e devastadoras, que resultam na perda de visão de idosos, é a degeneração macular relacionada à idade (DMRI). Essa doença afeta 30 milhões de pessoas no mundo todo e é a causa principal da perda de visão e cegueira em países de alta renda. Entretanto, em países menos desenvolvidos, onde ocorrem 90 por cento de toda a perda de visão evitável, o número de pessoas que sofrem de perda de visão é o dobro dos incapazes auditivos.
A deficiência visual pode levar ao isolamento e à marginalização de adultos mais velhos, forçando- os prematuramente a desempenhar papéis de dependência e incapacidade.
As pessoas com perda de visão não só sofrem importante impacto na sua qualidade de vida, como também causam um efeito correspondente nos familiares que deles cuidam – incluindo perda de produtividade no local de trabalho devido a ausências. Essa sobrecarga provoca um impacto negativo no estilo e padrão de vida das famílias.
Enfim, o reflexo econômico é considerável. Os custos indiretos relacionados à perda de visão totalizam aproximadamente US$ 650 bilhões por ano e os diretos chegarão a estimados US$ 2,8 trilhões em 2020.
OPORTUNIDADES DE AÇÃO
Em 2020, quando houver no planeta 1 bilhão de pessoas com mais de 60 anos de idade, será que ainda consideraremos que o “envelhecimento populacional” estará proporcional à perda de visão ou será que esta premissa – devido a políticas de inovação e atuação eficazes – se tornará falsa?
Para ajudar a enfrentar os futuros desafios do envelhecimento populacional, é necessário que se adote estratégia de atuação e investimentos, que evite potencial decadência da saúde, além de crises sociais e fiscais associadas à perda de visão.
Até agora, dada a importância do problema e suas consequências a nível mundial, não existe investigação científica suficiente em relação aos serviços sociais e de saúde, que possa quantificar a eficácia dos custos com tratamento de doenças que causam perda de visão. Contudo, os limitados dados existentes formam a base para política de assistência eficaz, demonstrando que a estratégia de atuação e investimento será mais eficaz do que a inércia.
Por exemplo, a Organização Mundial de Saúde identificou que as operações de catarata e o fornecimento de óculos, a quem deles necessita, são duas das intervenções clínicas de mais elevada eficiência – resolvendo potencialmente os problemas de visão de mais de 75 por cento de pessoas cegas ou deficientes visuais.
Além disso, um estudo realizado pelas organizações ‘PricewaterhouseCoopers/Fred Hollows Foundation’ constatou que a relação entre o benefício e o custo, quando se evita a perda da visão, é de “dois para um”, aumentando para de “quatro para um” em países menos desenvolvidos.
“Salvar a visão das pessoas é o tipo de trabalho que faz diferença no mundo em que vivemos, especialmente para populações que estão envelhecendo”.
DIRECTORA-GERAL DA OMS MARGARET CHAN
RESULTADOS DA REUNIÃO: PLATAFORMAS DE AÇÃO
Com estas oportunidades identificadas foram desenvolvidas três plataformas principais durante a Reunião, que serviram de base para conversas e ações entre as organizações participantes, com prioridades a serem seguidas.
1. Investigação Científica
Existem pouquíssimos dados significativos que associem visão com envelhecimento populacional, por isto é necessário que se realize investigação mais aprofundada para que seja possível explicar as consequências sócio-econômicas do crescente envelhecimento populacional com deficiências visuais e perda de visão. A investigação científica mais eficiente será aquela coordenada pelas partes multisetoriais e multidisciplinares interessadas, abrangendo variedade, que vai de estudos clínicos e sociológicos a estudos econômicos e de mercado.
2. Mensagens Essenciais
Deve existir um compartilhamento de mensagens claras e harmonizadas entre estas duas áreas da saúde: visão e envelhecimento populacional, para que se reforcem os esforços coordenados de assistência. O reconhecimento de diferenças dentro dos próprios países e regiões é básico para o desenvolvimento de conjuntos de mensagens essenciais dirigidas ao aumento da conscientização da importância da saúde visual no decurso da vida, proporcionando direito de escolha às pessoas e sociedades em risco.
3. Assistência Mundial
Tem ocorrido progresso mensurável no aumento da importância dada à deficiência visual na agenda atual da saúde mundial em decorrência de numerosas campanhas de assistência e de organizações espalhadas por vários países.
Contudo, ainda há muito trabalho a ser realizado. O aumento de investigação científica comprovada, com mensagens essenciais fortemente alinhadas, cobrindo toda a panorâmica do envelhecimento populacional e visão, proporcionará uma base sólida e atuará como catalisadora da assistência mundial.
Para que haja mudança, o compromisso e a colaboração dos setores de envelhecimento populacional e visão são de suma importância para ajudar a assegurar a todos os cidadãos do mundo a oportunidade de ver um futuro à sua frente.
“Eu gostaria de saber: como podemos colaborar no sentido de obter uma melhor saúde visual e, mais genericamente, como podemos prestar assistência na criação de um mundo, onde as pessoas idosas possam usufruir dos mais altos níveis de independência possíveis.”
— PROF. IAN PHILP