MANIFESTO DA RETINA BRASIL POR POLÍTICAS DE SAÚDE OCULAR

#AbraOsOlhoParaEssaCausa!

Segundo estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 2,2 bilhões de pessoas em todo o mundo têm uma deficiência visual, e 1 bilhão têm um prejuízo visual que poderia ter sido evitado ou ainda demanda tratamento.

A OMS coloca como desafio a necessidade de nos mobilizarmos para melhorar esse quadro, com grande número de pessoas com cegueira que poderia ter sido evitada.

A Constituição Brasileira em seu Artigo 6º, assegura a saúde como um direito social, sendo este um de seus princípios fundamentais. Assume também em seu Artigo 196, que a saúde é um dever do Estado e deve ser garantida como direito de todos. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia em seu relatório de 2023, estima que haja cerca de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual no Brasil.

Segundo o primeiro Relatório Mundial Sobre Visão de 2019, e o Relatório Condições de Saúde Ocular no Brasil 2023, o mundo enfrenta desafios em termos de cuidados oftalmológicos, como desigualdades na cobertura e qualidade dos serviços de prevenção, tratamento, reabilitação e envelhecimento da população dentre outros. Informam ainda sobre a escassez de prestadores de serviços oftalmológicos treinados e pouca integração dos serviços relacionados à saúde da visão nos sistemas de saúde, problemática que enfrentamos no Brasil.

A saúde ocular no Brasil, a despeito dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) é negligenciada como política pública. O acesso ao oftalmologista é difícil para o usuário do SUS, o que leva a termos um grande número de crianças, jovens adultos e idosos com doenças oftalmológicas não cuidadas.

Milhares de pessoas têm uma deficiência visual que poderia ter sido evitada se existisse acesso à assistência oftalmológica, especialmente nas áreas rurais. Se você consegue ler esse documento saiba que muitos não vão lê-lo porque não tiveram acesso aos cuidados com a visão. Outros lerão o documento fazendo uso da tecnologia assistiva como o leitor de tela.

I – DESAFIOS NA TRAJETÓRIA DO PACIENTE COM PROBLEMAS DE VISÃO NO SUS

  1. Acesso Limitado a Serviços Oftalmológicos: Pessoas que residem em áreas remotas e rurais, têm dificuldade em acessar serviços oftalmológicos básicos e especializados. Faltam profissionais qualificados na Atenção Primária o que afeta negativamente o cuidado preventivo com a visão.
  2. Longas Esperas para Consultas e Cirurgias: A demora no agendamento de consultas e na realização de cirurgias oftalmológicas, como as de catarata, leva à perda da visão que poderia ter sido tratada. Filas longas resultam em diagnósticos tardios e complicações que poderiam ser evitadas.
  3. Diagnóstico e Tratamento Precoce: A falta de programas eficazes de triagem e prevenção impede o diagnóstico precoce de condições que levam à cegueira. Sem detecção oportuna, doenças tratáveis como a Degeneração Macular Relacionada a Idade (DMRI), Edema Macular Diabético, Catarata, erros de refração, glaucoma dentre outras, podem evoluir para estágios avançados
  4. Educação e Conscientização: Há falta de campanhas educacionais abrangentes, em TV Aberta, Escolas, Universidades, realizadas principalmente pelo poder público através do Ministério da Saúde e Secretarias da Saúde Estaduais e Municipais, Ministério da Educação, Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania etc. Essas campanhas devem tratar da importância da saúde da visão, cuidados e a prevenção de doenças oculares, e a ausência delas resulta em baixa adesão a cuidados preventivos e visitas regulares ao oftalmologista.
  5. Infraestrutura e Equipamentos: Muitas unidades de saúde não possuem os equipamentos necessários para realizar exames oftalmológicos básicos e avançados, limitando a capacidade de diagnóstico e tratamento adequado. Existe demora de acesso à Atenção Secundária e Terciaria das Especialidades da Oftalmologia no SUS.

II – IMPACTO DA DEFICIÊNCIA VISUAL NA QUALIDADE DE VIDA

  • Perda da função visual: Visão turva, intolerância ao brilho, tonturas, dificuldade de enxergar com pouca luz, contraste deficiente, percepção de profundidade deficiente, perda visual progressiva, deterioração da condição.
  • Perda da autonomia nas atividades do dia a dia: dificuldade para assistir TV, cozinhar, usar computador, dirigir, reconhecer rostos, ler, fazer uso de transporte público, especialmente nos idosos, que resistem à reabilitação.
  • Maior dependência de familiares e cuidadores: a resistência à reabilitação aumenta a necessidade da ajuda para compras, viagens,  caminhadas,  consultas e exames médicos, transações bancárias, manuseio de documentos confidenciais.
  • Saúde mental: sentimentos como medo, frustração, tristeza, ansiedade, raiva, depressão; negação da doença, baixa autoestima
  • Emprego: Redução da jornada de trabalho, perda de emprego, redução da produtividade no trabalho.
  • Financeiro: despesas adicionais com cuidadores, transporte/Uber, dívidas etc.
  • Impacto sobre o cuidador e sobre o familiar: negação da vida pessoal, perda do tempo de lazer, preocupação e medo com o estado visual da pessoa cuidada. Quem cuida deixa de olhar para sua própria saúde.
  • Saúde física/geral: a baixa visão leva a acidentes domésticos e fora de casa como queimaduras, fraturas, contusões.
  • Saúde social, hobbies e atividades de lazer: Isolamento social, atividades sociais e de lazer limitadas, solidão, interação limitada com os membros da família, incapacidade de continuar os hobbies. Impacto na relação interpessoal entrre familia e paciente; perda da qualidade de vida.

III – PROPOSTAS PARA AÇÕES GOVERNAMENTAIS

  1. Atualização da Legislação: atualizar as portarias do Ministério da Saúde nº 288/2008 e nº 957/2008, incorporando doenças oftalmológicas que podem ser tratadas e atualizando as condutas de boas práticas médicas.
  2. Política Nacional de Saúde Ocular: atualizar e implementar uma Política Nacional de Saúde Ocular e incluí-la no Plano Nacional de Saúde de 2024 a 2027.
  3. Expansão de Serviços Oftalmológicos: Investir na formação e contratação de mais oftalmologistas e outros profissionais de saúde ocular, além de expandir a rede de clínicas e hospitais especializados em oftalmologia.
  4. Estratégias para responder as necessidades de cuidados oftalmológicos no Brasil: Inclusão de oftalmologistas na atenção primária, com os primeiros atendimentos oftalmológicos já na Unidade Básica de Saúde/Atenção Primária. Atendimentos Oftalmológico integrado e Centrado nas Pessoas, promoção da saúde ocular através da prevenção, tratamento e reabilitação. Cuidado com a saúde ocular da criança, jovem adulto e do idoso. Expansão da rede de atenção básica com inclusão de serviços oftalmológicos.
  5. Promoção da Saúde ocular, Prevenção, Tratamento e Reabilitação: – Programas de prevenção da cegueira; ofertas de consultas e exames oftalmológicos gratuitos através do SUS; cirurgias de catarata e outras intervenções cirúrgicas oftalmológicas; programas de reabilitação para pessoas com deficiência visual, como a disponibilização de recursos adaptativos de tecnologias assistivas, orientação e mobilidade e terapias ocupacionais.
  6. Redução das Filas de Espera: – Diminuição do tempo de trajetória do paciente, com a reformulação dos critérios da Regulação do Sistema Único de Saúde, e diminuição das filas, através da implantação de sistemas eletrônicos inteligentes que regulem o fluxo e o acesso aos serviços com a qualidade e os parâmetros de eficiência do atendimento oftalmológico com informações acerca do tipo de doença está sendo tratada; Implementar mutirões de consultas e cirurgias oftalmológicas para reduzir as filas de espera nos hospitais público de referência no tratamento das doenças oculares; Realizar parcerias com clínicas e hospitais privados para atender à demanda reprimida.
  7. Programas de Triagem e Prevenção: Desenvolver e implementar programas de triagem regular em escolas, comunidades e unidades básicas de saúde para detectar precocemente doenças oculares. Campanhas de vacinação ocular e de saúde preventiva também devem ser incentivadas.
  8. Campanhas de Educação e Conscientização: Investir em campanhas educativas para promover a importância da saúde ocular, prevenção de doenças e detecção precoce. Fazer as campanhas com abrangência nacional, incorporando-as no calendário oficial brasileiro. Campanhas de conscientização e prevenção em saúde ocular com produção de material informativo sobre saúde ocular, prevenção e reabilitação em formato acessível em diferentes plataformas de comunicação e informação.
  9. Modernização da Infraestrutura: Equipar unidades de saúde com os aparelhos necessários para exames oftalmológicos completos, como tomógrafos opticos , retinógrafos e equipamentos de biometria. Além disso, garantir a manutenção e atualização desses equipamentos.
  10. Integração com Programas de Saúde Pública: Integrar a saúde ocular com outros programas de saúde pública, como o de controle de diabetes e hipertensão, para abordar de maneira holística os fatores de risco para doenças oculares.
  11. Rede de Apoio e Reabilitação: Criação de centros de reabilitação nos municípios e estados para pessoas com deficiência visual e surdocegueira, que ofereçam serviços de reabilitação integrados a equipes multidisciplinares. Inclusive com apoio às famílias, oferecendo suporte psicológico e social às famílias afetadas por doenças oculares.

IV – SOBRE A RETINA BRASIL

 A Retina Brasil é uma associação nacional de pessoas com Doenças Oculares desde as raras, que são hereditárias e atingem a retina até  as doenças comuns, como a retinopatia diabética, degeneração macular relacionada a idade, edema macular, dentre outras patologias oculares. Lutamos desde 2002, pelos direitos dos(as) brasileiros(as) à saúde ocular. Somos 14 grupos regionais de Retina espalhados no país, estamos no Conselho Nacional de Saúde (CNS) e no Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade). Temos um comitê científico de três pesquisadoras eminentes – Dra. juliana Sallum (SP), Rosane Resende (RJ) e Fernanda Porto (MG).

  1. Em 2023 realizamos a I Conferência Livre Nacional da Retina Brasil – O Brasil que temos o Brasil que queremos: SUS e a garantia da saúde ocular. Ali debatemos e elencamos 5 (cinco) propostas, elegemos cinco delegados que participaram da 17ª Conferência Nacional de Saúde (17ª CNS) realizada em Brasília de 2 a 5/07/2023. Nossas propostas foram aprovadas na 17ª CNS e inseridas na Resolução Nº 719 de 17/08/2023 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). A Retina Brasil participa de reuniões, eventos e debates promovidos pelas seguintes frentes parlamentares da Câmara dos Deputados: Frente Parlamentar Mista em prol da luta contra a cegueira e Frente Parlamentar Mista da Inovação e Tecnologias em Saúde para Doenças Raras.
  2. Milhões de pessoas enfrentam hoje desafios significativos na busca de cuidado com a visão, especialmente no Sistema Único de Saúde (SUS). Este manifesto destaca os principais desafios enfrentados pelos pacientes no SUS e propõe ações concretas que o governo brasileiro através do Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde e outros setores governamentais e da Sociedade Civil, Sociedades Médicas da Oftalmologia podem implementar para melhorar a saúde ocular no Brasil.

V – CONCLUSÃO

Precisamos ser informados e educados para o cuidado com a saúde ocular e termos acesso a ela, e é fundamental para garantir uma vida plena e produtiva aos brasileiros. Enfrentar os desafios atuais e implementar ações eficazes requer um compromisso contínuo e colaborativo entre governo, parlamentares, sociedades médicas da oftalmologia, profissionais de saúde e a sociedade civil.

A nossa esperança é que possamos enfrentar juntos esses desafios para ajudar os brasileiros a prevenir as doenças oculares e a deficiência visual de maneira mais eficaz, fornecendo serviços oftalmológicos de qualidade, de acordo com as necessidades da população em todo território nacional.

Queremos ser a VOZ DO PACIENTE e contribuir no processo de elaboração de uma política de saúde ocular eficaz e sustentável.

Portanto, Nós, da Associação de Pacientes Retina Brasil, entidade que representa mais de 8.000 pessoas com doenças da retina e outras patologias visuais, juntamente com nossos Grupos Regionais, Associações afiliadas e pessoas da Sociedade Civil que subscrevem este Documento, reivindicamos a implementação urgente de melhorias na Política Nacional de Saúde. Reconhecendo a importância da saúde ocular, da prevenção, e da reabilitação, para a qualidade de vida das pessoas, e entendendo necessário aprimorar o sistema atual

Este manifesto é um chamado à ação para que possamos construir um futuro em que todos tenham acesso a uma visão saudável e de qualidade. “Nada sobre nós sem nós!”

 #OlheParaEssaCausa!

Sai muito mais caro perder a visão.

Assine também este Manifesto: https://chng.it/6htpJBNpXj

Retina Brasil

Aliança Rara

Associações de pacientes com problemas de visão sugerem prazos para atendimento no SUS

As entidades reclamaram das filas e da demora nos atendimentos e pediram a aprovação de projeto de lei com prazos máximos de espera para consultas

Pacientes com problemas de visão reclamaram do atendimento oftalmológico no Sistema Único de Saúde (SUS) em audiência pública na Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados.

De acordo com a representante da Retina Brasil, Ângela Sousa, o tempo para conseguir atendimento com oftalmologista no SUS é de, no mínimo, dois anos. Já a coordenadora da Coalizão Vozes do Advocacy Diabetes e Obesidade, Vanessa Pirollo, afirmou que, em algumas cidades de São Paulo, existem, em média, 18 mil pessoas na fila para consulta oftalmológica.

Diante deste quadro, a ativista sugeriu um projeto de lei com tempos máximos de espera por atendimento oftalmológico no SUS. “A gente fez um projeto de lei para que o prazo para ter acesso ao oftalmologista não passasse de 60 dias, que não passasse de 30 dias o prazo para acesso aos exames necessários para diagnosticar a retinopatia diabética, e que o tratamento estivesse disponível em até 30 dias.”

Segundo Vanessa Pirollo, cerca de 150 mil brasileiros desenvolvem retinopatia diabética por ano. Se essa condição não for tratada, leva à cegueira. Ainda conforme a especialista, o País gasta R$ 43 bilhões anualmente com medicamentos e tratamentos das complicações da retinopatia. Ela ressaltou que, quando a pessoa perde a visão, pede aposentadoria antecipada, vai precisar de um cuidador, e tudo isso vai onerar ainda mais os cofres públicos.

Por isso, os participantes insistiram na importância do diagnóstico precoce e da prevenção e reivindicaram a contratação de mais oftalmologistas para o SUS.

Diagnóstico
Autora do pedido para a realização do debate, a deputada Fernanda Pessoa (União-CE) afirmou que 70% dos casos de pessoas que se tornaram cegas poderiam ter sido evitados com diagnóstico preciso. “Daí vem a questão da acessibilidade em calçadas, ônibus, em suas próprias casas, emprego, a dificuldade de remuneração que uma pessoa acometida pela cegueira apresenta. Ou seja, um simples acesso a políticas públicas de saúde ocular apresentaria melhorias em tantas outras situações.”

Na opinião da diretora do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, Wilma Lellis Barbosa, para a realização do diagnóstico precoce de problemas oftalmológicos é fundamental o trabalho integrado de diferentes especialistas do SUS. Segundo ela, o médico que atende um paciente com diabetes, por exemplo, precisa sempre solicitar uma avaliação de fundo de olho por um oftalmologista. Dessa forma, seria possível detectar problemas no início e readequar o tratamento.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

 

27 de junho é o Dia Internacional da Pessoa Surdo cega

27 de junho é o Dia Internacional da Pessoa Surdo cega. A data objetiva dar visibilidade a essa condição.

A surdo cegueira envolve o comprometimento simultâneo da visão e da audição e pode se apresentar em diferentes graus de perda auditiva e visual – baixa visão e baixa audição, cegueira e surdez profunda, cegueira e baixa audição, baixa visão e surdez profunda.

Vários recursos de comunicação podem ser utilizados, de acordo com a necessidade de cada pessoa: aparelho auditivo, lupa eletrônica, linha braille (teclado adaptado) e, Telletouch (um tipo de máquina de escrever adaptada).

A pessoa surdo cega pode ainda fazer uso da Libras tátil, do braille e de técnicas como o desenho da letra de forma na palma da mão e o tadoma, que consiste em colocar uma das mãos no rosto da pessoa que está falando para perceber as palavras pelo movimento dos lábios, bochechas e vibração dos sons emitidos.

Os desafios para o surdo cego ainda são muitos, mas a maior barreira ainda é o preconceito.

Fonte: ensinodigital/surdocegueira

#Surdocegueira #DiaInternacionaldapessoasurdocega #DoencasdaVisao #Audicao #visao #RetinaBrasil

PARTICIPE DA AUDIÊNCIA PÚBLICA TEMA – ABRIL MARROM 2024

PARTICIPE DA AUDIÊNCIA PÚBLICA
TEMA – ABRIL MARROM
DATA: 04 de julho de 2024 – às 9h00
LOCAL: Câmara dos Deputados em Brasília.

A Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados aprovou os Requerimentos nº 32/2024 e nº 43/2024, de autoria da Deputada Fernanda Pessoa, para a realização de uma Audiência Pública que debaterá o “Abril Marrom”.

O evento será realizado no dia 4 de julho de 2024, às 9h, no Plenário 7, e visa alertar sobre a “Prevenção, Combate e Reabilitação dos Diversos tipos de Cegueira.”

O objetivo é destacar a prevenção, combate e reabilitação de doenças que causam cegueira, como catarata, glaucoma, retinopatia diabética e degeneração macular relacionada à idade dentre outras.

A audiência contará com a participação do Ministério da Saúde, Agência Nacional de Saúde Suplementar ANS, Sociedades Médicas, Conselho Brasileiro de Oftalmologia, Retina Brasil dentre outros convidados.

O link para assistir só irá funcionar no dia: bit.ly/marrom

Esperamos todos vocês.

 

A Perturbadora Invisibilidade das Pessoas com Deficiência nas enchentes do Rio Grande do Sul

Por Beto Pereira*

Enquanto as manchetes ecoam as perdas materiais e as vidas perdidas nas enchentes que assolam o Rio Grande do Sul, o segmento das pessoas com deficiência clama por visibilidade e atenção.

Em meio ao caos das águas que inundam ruas e lares de muitos municípios, a invisibilidade desses indivíduos diante das tragédias naturais é gritante. A mídia e as redes sociais repercutem as perdas de carros, móveis e vidas humanas, assim como as perdas de animais, além, é claro, das milhares de pessoas desabrigadas e desalojadas.

Em um cenário de tais proporções, é evidente que toda perda deve ser considerada e lamentada. Ocorre que enquanto as câmeras captam os destroços e os rostos aflitos dos sobreviventes, a realidade dos cidadãos com deficiência não é sequer mencionada na maioria absoluta dos noticiários.

As políticas públicas e outras ações para enfrentar as consequências da tragédia em nossos segmentos são mínimas ou, em alguns casos, inexistentes. Contamos majoritariamente com iniciativas de nossas entidades, de voluntários e de outras pessoas solidárias conosco.

Se as catástrofes representam um grande desafio para todas as pessoas, para aquelas com alguma deficiência o desafio é ainda maior. Ruas alagadas se transformam em verdadeiros labirintos intransponíveis onde a falta de acessibilidade e de informações acessíveis coloca vidas em risco iminente.

Sem avisos sonoros, sem guias táteis, sem rampas e guias rebaixadas e comumente sem acessibilidade e suporte adequado nos abrigos e alojamentos, a maioria das pessoas com deficiência enfrenta uma batalha muitas vezes solitária.

Além de perder suas casas, muitos também perderam bengalas, óculos, lupas, muletas e outros recursos imprescindíveis para a acessibilidade e dignidade. Para agravar a situação, entidades especializadas nas demandas dessa parcela da população foram completamente destruídas e aquelas que resistiram tentam auxiliar no que podem, contando com ajudas esporádicas de alguns órgãos públicos, de instituições parceiras, da sociedade, inclusive das próprias pessoas com deficiência em condições de auxiliar.

Lembremos que a culpada pela catástrofe não é a natureza. A tragédia é causada pela ação humana, pelo negacionismo de muitos que ignoram os dados científicos e pela falta de políticas adequadas, assim como longe de ser culpa do acaso, a ausência de um planejamento adequado para resgatar, acolher e atender pessoas em situação de maior vulnerabilidade é consequência da ausência de uma política de colocar em prática estratégias de como atuar no resgate, no acolhimento e no atendimento de pessoas nessas condições.

Também é importante lembrar que, de acordo com a Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que possui status de emenda constitucional no Brasil, “em situações de risco, emergência ou estado de calamidade pública, a pessoa com deficiência será considerada vulnerável, devendo o poder público adotar medidas para sua proteção e segurança”.

Talvez, a maioria das pessoas desconheça, mas cabe lembrar que instituído pela Portaria Interministerial nº 02, de 6 de dezembro de 2012, o Protocolo Nacional Conjunto para a Proteção Integral em Situação de Riscos e Desastres oferece subsídios aos gestores estaduais, municipais e distritais para garantir parâmetros de atuação uniformes de proteção de crianças e adolescentes, pessoas idosas e pessoas com deficiência em situação de desastre.

Elaborado por um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) que contou com a participação de representantes da Casa Civil e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, além dos ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, da Justiça, da Integração Nacional, da Saúde, da Defesa e da Educação e ainda com a participação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o documento, que propõe a adesão voluntária de estados, municípios e Distrito Federal, bem como a criação de Comitês Gestores locais, ao longo de seus 12 anos, parece ter sido desconsiderado pelas autoridades.

É imperativo que toda a sociedade atue para que esses cidadãos não sejam deixados para trás em momentos de crise. A inclusão não pode ser apenas uma palavra vazia. Deve ser uma prática concreta em todas as esferas e em todos os momentos da vida, especialmente quando se trata de proteger os mais vulneráveis dentre os mais vulnerabilizados.

Algumas entidades, como a Associação Laramara e a Fundação Dorina Nowill, ambas com sede em São Paulo, fizeram doações de bengalas para pessoas com deficiência visual do Rio Grande do Sul. A organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB), entidade que atua na garantia e defesa dos direitos de aproximadamente sete milhões de pessoas cegas e com baixa visão, colaborou com alojamento e tem cobrado providências das autoridades, não apenas para o segmento que representa, mas para todas as pessoas com deficiência.

Dentre as principais solicitações estão: efetuar um levantamento urgente que identifique como estão e onde estão as pessoas com deficiência do estado; priorização do atendimento e assistência às pessoas com deficiência visual nos abrigos, garantindo que suas necessidades específicas sejam atendidas, incluindo acesso a alimentos, cuidados médicos e locais seguros para descanso; criação de programas complementares de transferência de renda, visando atender não apenas os beneficiários do BPC, mas todas as pessoas com deficiência que vivenciam tal situação de calamidade; e reparos e reestruturação em caráter de urgência das entidades que atuam na habilitação, reabilitação e defesa de direitos das pessoas cegas, com baixa visão e outras deficiências.

Ao longo de sua 325ª Assembleia Ordinária, ocorrida na semana passada, o Conselho Nacional dos direitos da Criança e do Adolescente aprovou, por unanimidade, o texto “Recomendações do CONANDA para a Proteção Integral a Crianças e Adolescentes em Situação de Riscos e Desastres Climáticos”. O documento faz inúmeras referências às especificidades das pessoas com deficiência. outras instâncias de participação social também têm acompanhado a gravidade da situação. Esperamos que os documentos e discursos sejam transformados em ações concretas.

Na esperança de que as águas das enchentes recuem e de que a região comece a se recuperar, afirmamos que é fundamental que o debate sobre a inclusão das pessoas com deficiência em situação como esta avance e ganhe destaque. Para tanto, também é imprescindível que as entidades estejam mais unidas que nunca.
Nossas demandas não podem ser desconsideradas pela indiferença da sociedade e de autoridades. É hora de agir. É hora de garantir que ninguém seja deixado para trás, independentemente de religião, bandeira política e de qualquer outra especificidade.

*Beto Pereira é Sociólogo, jornalista, gestor em acessibilidade e, preside a Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB).

Encontro sobre Inclusão e autoestima da Pessoa com Deficiência – Retina Bahia e ASDEV

Retina Bahia e ASDEV convidam todos para Encontro sobre Inclusão e autoestima da Pessoa com Deficiência!!

Tema: Promovendo a Inclusão e Elevando a autoestima da Pessoa com Deficiência.

Taxa de contribuição individual (com direito à almoço e lanche): R$ 50,00.

Link de inscrição: 👇🏼 https://forms.gle/4YuhJHECczqmMjDx8

-Dias 17 e 18/05/2024– Sexta e Sábado.

-Local: Colégio Estadual CETEP em Santo Antônio de Jesus.

Palestrantes:

-Oftalmologista. Tema: como prevenir-se de doenças oculares.

-Josiel Barreto Tema: Políticas Públicas para a Pessoa com Deficiência (empregabilidade, saúde, educação com destaque à violência nas escolas). Tempo estimado: 40min.

-Representante do COEDE. Tema: Importância das associações para o fortalecimento no controle social dos Conselhos

-Roda de Conversa – Tema: Passe livre. Com representantes da SUDEF e AGERBA.

-Jeferson Teles – Tema: Recursos de acessibilidade.

-Apresentação Cultural.

Noélia Damasceno Nascimento do Seguro Social e represente do PEP (Programa de Educação Previdenciária) Tema: Direitos aos benefícios previdenciários e assistenciais para o cidadão. Com atendimento individualizado

-Maria Gonçala e Silvia Cristina – Tema: A importância do associativismo e o voluntariado.

-Assembleia para fundação da OSC Retina Bahia.

-Momento de descontração.

Realização: Retina Bahia e ASDEV.

07 de maio, dia do Oftalmologista 2024

No dia 7 de maio se homenageia o Oftalmologista, médico especializado nos cuidados com o olho e a visão.

Essa data se liga à fundação da Sociedade de Oftalmologia de São Paulo em 1930 e foi oficializada neste Estado em 1968. No ano de 1986, o então Ministro da Saúde, assinou a portaria nº 398, instituindo em todo o Brasil o Dia Nacional do Oftalmologista.

A Retina Brasil reconhece a grande importância desses profissionais e espera deles a parceria nas politicas publicas de saúde ocular.

#RetinaBrasil #CuidedoseuOlhar #Diadooftalmologista #DiadoOftalmo

I Encontro Presencial do Retina Brasília 2024

Venha participar do I Encontro Presencial do Retina Brasília em parceria com a Retina Brasil no dia 25 de maio, das 08h às 18h, no Centro Brasileiro da Visão, 613 – Asa Sul.
 
Faça já sua inscrição no link abaixo e garanta sua participação
Inscrições gratuitas. https://forms.gle/FXU45J2ZRknskQyJ6 – link na Bio do Instagram
 
O evento contará com palestras de médicos e parlamentares envolvidos com questões da saúde ocular. Será exibido um filme seguido de discussão sobre a experiência de pacientes com problemas de visão.
 
Olha só o que te espera no 1º Encontro do Retina Brasília.
 
Confira a programação:
 
8h – Cadastramento
 
8h45 – Apresentação da Retina Brasília e Retina Brasil (César Achkar Presidente da Retina Brasília, e Ângela Sousa Presidente da Retina Brasil)
 
9h – Retinopatia Diabética, Doenças Oculares Raras, Pesquisas Cientificas e novas terapias (Dra. Fernanda Porto e Dr. Fabrício CBV)
 
9h45 – Pausa para o café
 
10h15 – Os direitos dos pacientes raros (Ângela Sousa, Lauda Santos da FEBRARARAS, e Deputada Rosângela Moro, Presidente da Frente Parlamentar de Doenças Raras – a confirmar)
 
12h – Pausa almoço
 
14h – Direitos das pessoas com deficiência e políticas públicas que promovem a inclusão (Dr. Cláudio Panoeiro Ex-secretário Nacional da Pessoa com Deficiência e a Assistente Social Nayara Magalhães)
 
14h45 – Filme atrás dos meus olhos (Kely Nascimento, Atriz e Diretora do Filme – a confirmar)
 
15h30 – Pausa para o café
 
16h – Palestra sobre DOT Doença Ocular da Tireoide (Dra. Stefânia)
 
16h20 – Palestra sobre baixa visão (Dra. Gláucia)
 
17h – Momento dos associados (César Achkar)
 
18h – Encerramento
 
Não esqueça de fazer sua inscrição no link abaixo e garanta sua participação
Inscrições gratuitas. https://forms.gle/FXU45J2ZRknskQyJ6
 
#EncontroBrasilia #EncontroRetinaBrasilia #DoencasdaRetina #DoencasdaVisao #RetinaBrasil #RetinaBrasilia

Retina Brasil participa do 48TH Bravs Meeting Retina 2024

Nos dias 18 a 21 de abril, representantes da Retina Brasil participaram do 48TH Bravs Meeting Retina 2024 – Congresso de Retina e Vítreo em Campinas, interior de São Paulo. Na foto, nossas representantes Maria Júlia e Sônia estão com a Dra Fernanda Porto, de Minas Gerais e Dr Alexandre Rosa, do Pará.
 
O 48TH Bravs Meeting Retina 2024 teve como foco principal a retinologia translacional.
 
O objetivo é ajudar o especialista a extrair dados dos estudos clínicos e aplicá-los na prática do dia a dia. Além disso, discutir como a inteligência artificial poderia ajudar nesta prática, sem comprometer o papel do médico, como principal responsável pelo cuidado da saúde dos pacientes.
 
O Congresso aconteceu em Campinas, de 18 a 21 de abril de 2024 e reuniu os maiores especialistas do Brasil e do Mundo.
 
#RetinaBrasil #CongressoRetinaeVitreo #Retina2024 #SBRV #DoençasdaRetina

Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras) 24 de abril

No dia 24 de abril, segunda-feira, é comemorado o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras), de acordo com a Lei nº 13.055, de 22 de dezembro de 2014. A data foi escolhida por ser o dia em que foi promulgada a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que reconhece e regulamenta o uso da língua em todo o Brasil. Esta é uma importante conquista para a comunidade surda que passou a servir de base para a construção de políticas públicas voltadas às necessidades e demandas dessa parcela da população, como a inserção do curso de graduação em Libras nas universidades públicas, por exemplo.

A Libras foi reconhecida como a segunda língua oficial do Brasil,  ela reconhece como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados, é uma língua de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.

A data do Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais coincide com a inauguração da primeira escola para surdos no Brasil, em 1857, pelo francês Ernest Huet, que utilizava a língua de sinais francesa como forma de comunicação com seus alunos.

Atualmente, a Libras é ensinada em diversas instituições de ensino, desde a educação infantil até a universidade, e sua utilização é garantida por lei em serviços públicos, como hospitais, escolas e repartições governamentais.

Card quadrado com moldura verde escuro e o logo da Retina Brasil no centro do rodapé. No canto direito há uma foto de uma mulher fazendo a língua de sinais. Ela é branca, de cabelos compridos castanhos escuros, com camisa branca com listra marrom. No canto superior está escrito: 24 de abril, dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais. (leei 13.055/2014). Fim da descrição.

#LinguadeSinais #Libras #LinguagemBrasileiradeSinais #DoencasdaVisao #RetinaBrasil

Fonte: gov.br e  exame.com